A partir desta terça-feira, 11, o Instagram vai começar a ajustar automaticamente as contas de adolescentes no Brasil e em outros países da . As contas de usuários com menos de 18 anos terão várias restrições, que só poderão ser removidas com o consentimento dos pais.
Essas restrições foram anunciadas no final do ano passado, depois que a , dona do Instagram, enfrentou processos judiciais e críticas sob a acusação de ter conhecimento dos potenciais danos da rede social à saúde mental dos jovens, especialmente das meninas.
Em entrevista exclusiva ao jornal Folha de S.Paulo, Antigone Davis, vice-presidente global de Segurança e Bem-Estar da Meta, afirmou que as mudanças devem trazer mais “tranquilidade” para os pais, por deixar os filhos menos expostos a conteúdos sensíveis e mais protegidos da abordagem de estranhos.
Entretanto, ela também reconhece o provável desafio de lidar com os jovens que tentarem burlar a verificação de idade da plataforma. Antigone diz ainda que essas mudanças podem levar os adolescentes a migrar para redes sociais com políticas menos restritivas.
Esperamos que essas mudanças mudem o comportamento dos adolescentes em nossa plataforma e isso pode significar até mesmo que eles mudem para outro aplicativo”, disse a executiva. “Mas nosso objetivo é fornecer essas proteções automáticas para que os pais confiem na nossa plataforma.”
O objetivo de Antigone é que os pais “chegassem ao ponto de dizer que o Instagram é a plataforma em que se sentem mais confortáveis dos filhos estarem”.
O Instagram havia anunciado a proteção automática das contas de adolescentes em setembro passado. A alteração nas configurações já começou a ser implementada nos e, agora, vem para o Brasil.
A Meta não divulga quantos adolescentes usam o Instagram, mas Antigone disse que o Brasil é um dos países mais ativos na plataforma, o que deve ajudar a aprimorar o controle das restrições e o ajuste do algoritmo.
“Tenho certeza de que aprenderemos muito com os adolescentes brasileiros sobre o que está funcionando bem e o que não está”, diz ela.
De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil, 38% dos adolescentes de 13 a 14 anos afirmam que o Instagram é a rede social que mais usam. Entre os de 15 a 17 anos, o número sobe para 62%. Juntos, eles representam mais de 7,7 milhões de usuários.
A chamada Conta de Adolescente será configurada automaticamente para usuários com menos de 18 anos — a idade mínima para usar a rede social é 13 anos. Antigone explica que a Meta já exige comprovação de idade e desenvolveu tecnologias para detectar usuários que tentam inserir informações falsas sobre sua data de nascimento.
“Esse é o grande desafio atual das big techs, a verificação de idade”, afirma. “Mas nós temos mecanismos hoje para identificar se alguém mudou a idade na sua conta ou abriu uma nova conta para tentar burlar a verificação.”
Segundo a executiva, a Meta pode olhar o histórico de publicação para verificar se as informações sobre a idade estão corretas. “Se no ano passado, um usuário publicou uma foto com um bolo de aniversário com uma vela de número 13 e tentar mudar sua idade para 16 anos, esse é um sinal para nós de que algo está errado.”
As mudanças para os adolescentes vão tornar todas as contas, novas ou existentes, privadas por padrão. Assim, elas só poderão receber mensagens, marcações e menções de seguidores e conexões já existentes.
Além disso, o Instagram vai impedir que adolescentes recebam notificações entre as 22h e as 7h e aplicar configurações mais rigorosas para conteúdos sensíveis, como postagens com nudez, violência ou que promovam procedimentos estéticos nas seções Explorar e Reels.
“Vamos ter um filtro mais restrito para o conteúdo que os adolescentes podem acessar, ou seja, eles não vão ver conteúdos que não violam nossas políticas, mas que estão no limite do que permitimos ou pode ser sensível para menores”, diz Antigone. Conteúdos que podem contribuir para dismorfia corporal ou transtornos alimentares vão ficar mais restritos, assim como conteúdo sexualmente sugestivo.
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Adolescentes com menos de 16 anos só vão conseguir alterar ou retirar essas configurações com autorização dos pais. Ou seja, vão precisar atrelar suas contas à de um adulto responsável para autorizar a mudança.
Além das configurações automáticas, os pais poderão, por exemplo, aumentar o tempo de restrição das notificações, verificar com quem seus filhos estão conversando — mas sem poder ver o conteúdo das mensagens — ou definir um limite de tempo de uso diário do Instagram.
“Os pais que desejarem estar mais envolvidos terão as ferramentas necessárias para educar seus filhos online”, diz Antigone. “Eles agora terão disponível nossos sistemas de supervisão para usar como acharem mais condizente, podem restringir o uso por uma ou duas horas ao dia ou estabelecer que o aplicativo não pode ser usado durante o período de aula.”
Fonte: revistaoeste