Um fóssil encontrado no Canadá conta uma história de predação inusitada: há 76 milhões de anos, um pterossauro foi atacado, e provavelmente morto, por um animal crocodiliano. O pedaço de osso do pescoço contém marcas de mordida que denunciam a cena.
O fragmento de vértebra foi encontrado em 2023 por pesquisadores da Universidade de Manitoba, no Canadá, e da Universidade de Reading, no Reino Unido. Um novo estudo descrevendo a análise do achado foi publicado na revista Journal of Paleontology.
Pterossauros (que, apesar do nome, não são dinossauros) foram grandes répteis voadores, de tamanhos e características variadas, que habitaram quase toda a Terra por um longo período: de 220 milhões de anos atrás até 66 milhões.
O novo fóssil pertence a um pterossauro da espécie Cryodrakon boreas, da família Azhdarchidae, que reúne alguns dos maiores répteis voadores que já existiram. Os bichos dessa espécie podiam alcançar o tamanho de uma girafa e um comprimento de 10 metros da ponta de uma asa até a outra. O pedaço de osso encontrado, porém, pertencia a um indivíduo jovem, com envergadura de dois metros.
Em laboratório, os pesquisadores notaram que havia uma marca de mordida num fragmento de vértebra do pescoço. Seria possível identificar o culpado? Sendo um pterossaurozinho jovem, vários possíveis predadores coexistiam com o bicho há 76 milhões de anos, incluindo répteis, mamíferos e dinossauros avianos e não-avianos.
![0502-Pterossauro–Layout_Site1 Imagens em close-up da vértebra do pescoço de Cryodrakon boreas .](https://media.diadeajudar.com.br/wp-content/uploads/2025/02/09001033/0502-pterossauro-layout_site1.jpg)
Analisando em detalhes o formato da mordida com um microscópio e com tomografia computadorizada, os cientistas concluíram que o assassino provável foi um réptil crocodiliano, com base no formato e no tamanho da perfuração. Esse grupo contém predadores implacáveis, tanto extintos como atuais, conhecidos por comer praticamente de tudo. Não dá para cravar exatamente qual espécie exata, claro, mas é provável que seja uma parente pré-histórica dos crocodilos e jacarés modernos.
Outros candidatos menos prováveis são o Champsosaurus, um gênero extinto de réptil que se aparecia com um crocodilo, ou algum mamífero não identificado.
Dinossauros, por sua vez, foram descartados do grupo de suspeitos. Nenhuma das espécies conhecidas que habitavam o local tinha características bucais que correspondiam à análise.
É provável que o ferimento tenha sido mortal, já que não havia sinais de regeneração na região afetada. outra possibilidade é que a marca, na verdade, seja fruto de uma mordida feita após a morte, por algum animal que se aproveitou do corpo do réptil voador.
Apesar de habitarem uma grande extensão geográfica, fósseis de pterossauros costumam ser relativamente raros, por causa dos seus ossos finos e frágeis, e isso torna a nova descoberta ainda mais especial.
Fonte: abril