Na última semana, Ahmed al-Sharaa, iniciou suas primeiras viagens oficiais como presidente da Síria, marcando uma série de encontros cruciais para o futuro político e econômico do país.
Sua jornada, de acordo com a entidade Alma Research, começou pela Arábia Saudita, onde se reuniu com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, e seguiu para a Turquia, onde foi recebido pelo presidente Recep Tayyip Erdoğan.
Esta viagem o fez regressar ao seu próprio país em busca de apoio. Nascido em Riad, na Arábia Saudita, em 29 de outubro de 1982, al-Sharaa é conhecido por seu nome de guerra Abu Mohammad al-Julani. Filho de exilados sírios, sua família retornou à Síria no final dos anos 1980, quando ele era criança.
As visitas, porém, assumem uma importância estratégica não apenas para al-Sharaa, mas também para a reconstrução da Síria. O processo promete ser longo e complexo. O objetivo imediato de al-Sharaa é fortalecer sua posição como líder, buscando o reconhecimento de potências regionais, o que é essencial para sua estabilidade política.
Antes de se tornar uma figura central na política síria, al-Sharaa teve uma trajetória marcada por sua militância no entre grupos islâmicos terroristas. Ele foi, no início, emir da Frente Al-Nusra, braço sírio da Al-Qaeda, onde permaneceu até 2016.
Naquele período ele adotou o nome de guerra al-Julani, estabelecendo-se como um dos principais líderes da luta armada contra o regime de Bashar al-Assad, derrubado em 8 de dezembro último.
Em 2017, ele se afastou da Al-Qaeda e se tornou o segundo emir do grupo Tahrir al-Sham, uma facção jihadista que emergiu como uma das mais influentes na . No entanto, em janeiro de 2025, depois de seu grupo assumir o poder, ocorreram uma série de mudanças políticas e uma nova configuração do regime sírio.
Al-Sharaa ascendeu à presidência, iniciando uma nova fase em sua carreira política. Em vez do terror como arma, ele busca associar sua imagem às tentativas de reconstrução e de estabilidade para o país devastado pela guerra civil.
O analista político Boaz Shapira enfatizou que essas visitas são cruciais para al-Sharaa consolidar sua liderança e buscar apoio regional para a reconstrução do país. Ele relatou à Alma:
“Vários processos significativos estão ocorrendo dentro desse quadro, incluindo o desmantelamento das organizações rebeldes e a incorporação de seus membros nos aparelhos de segurança do país, esforços diplomáticos para consolidar e aumentar a legitimidade internacional da nova administração, e tentativas de iniciar a reabilitação econômica do país.”
Interesses da Arábia Saudita e da Turquia na Síria
Ao ser recebido por grandes figuras políticas da região, al-Sharaa dá um passo importante para consolidar sua autoridade. A Síria tem atraído diversas visitas diplomáticas, como a do emir do Catar, Tamim bin Hamad Al-Thani, que esteve em no final de janeiro.
Além de garantir apoio político, al-Sharaa tenta formar parcerias para o processo de reconstrução do país. Tal desafio, de acordo com especialistas, pode levar décadas e exigir investimentos que chegam a centenas de bilhões de dólares.
O apoio de países como a Arábia Saudita e a Turquia não só aceleraria esse processo, como também poderia abrir caminho para a redução das sanções internacionais que hoje dificultam a recuperação econômica da Síria.
Do lado da Arábia Saudita e da Turquia, a visita é interessante porque ambos estão em uma disputa acirrada por influência na Síria e no Oriente Médio.
Envolver-se diretamente na reabilitação da Síria seria mais uma oportunidade de ampliar a influência destes países na região. Principalmente por causa da perspectiva da entrada de bilhões de dólares, vindos da Síria e de entidades internacionais, em investimentos em infraestrutura nos próximos anos.
Fonte: revistaoeste