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Destroço de Navio Brasileiro Torpedeado por Submarino Alemão Após 80 Anos é Localizado

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Getúlio Vargas acompanhou a 2ª Guerra Mundial por muito tempo à distância, sem se envolver diretamente, adotando uma postura abertamente neutra. O presidente, que tinha sua própria ditadura para administrar, mantinha laços político-econômicos tanto com os Estados Unidos quanto com a Alemanha.

O historiador brasileiro Boris Fausto, em seu livro História do Brasil, lembra que, em um dado momento, a Alemanha nazista foi o maior comprador de algodão e café do Brasil. A influência chegava tão forte à América Latina que o Tio Sam precisou tomar uma atitude. Os EUA, com uma boa dose de ciúmes e algumas vantagens a oferecer, pressionaram o Brasil a se unir aos Aliados. 

Enquanto isso, submarinos nazistas passaram a atacar navios brasileiros, muitos deles civis. Esses ataques foram o gatilho que a opinião pública precisava para apoiar a entrada do Brasil na guerra. Vargas, aos poucos, alinhou-se mais com os Estados Unidos e, em 1942, rompeu oficialmente as relações diplomáticas com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). 

Além de declarar apoio aos Aliados, Vargas enviou cerca de 25 mil soldados para combater na Europa. Em 1944, embora já estivessem (muito bem) encaminhados para a derrota, os alemães ainda patrulhavam o Atlântico Sul e lançavam torpedos contra embarcações mercantes brasileiras. Um dos navios atingidos foi o Vital de Oliveira

Este mês, 80 anos após o fim 2ª Guerra Mundial, a Marinha do Brasil confirmou que a carcaça do navio foi encontrada no litoral do Rio de Janeiro. A identificação ocorreu por meio de sondagens com sonar, que confirmaram sua posição.

Imagem do Vital de Oliveira é localizado pela Marinha no litoral do Rio de Janeiro
(Marinha do Brasil/Reprodução)

A Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) vai começar um projeto de pesquisa arqueológica e mapeamento tridimensional. Também estão previstas filmagens em 360º do naufrágio. O Vital de Oliveira é um patrimônio protegido por lei, o que significa que a remoção de seus destroços, sua exploração e pesquisa são regulamentados.

A carcaça foi encontrada por acaso. Um pescador pediu a mergulhadores que recuperassem sua rede presa no fundo do mar. A dupla que afundou em direção à rede enrolada descobriu que os fios não tinham se prendido em uma rocha, mas sim em escombros da embarcação perdida, 55 metros abaixo da superfície.

Embora as coordenadas do naufrágio tenham sido identificadas, a Marinha informou, em nota ao jornal O Globo, que “atualmente não realiza pesquisas de localização de sítios arqueológicos de naufrágios” e, por isso, não há planos para a recuperação dos destroços.

A Marinha também declarou ao jornal que “em conjunto com instituições acadêmicas e de pesquisa, continua a trabalhar para proteger o patrimônio cultural subaquático do país, garantindo que essas ‘cápsulas do tempo’ (os naufrágios) sejam estudadas e, quando possível, preservadas para futuras gerações”.

 

No entanto, de acordo com os mergulhadores que encontraram o navio, é necessária uma ação imediata para preservar os restos da embarcação, caso contrário, é muito provável que os fragmentos sejam perdidos.

Sobre o navio

Originalmente, o Vital de Oliveira se chamava Itaúba e tinha a mesma função das embarcações mencionadas por Dorival Caymmi na canção “Peguei um ita no Norte”. “Itas” eram navios de cabotagem da Companhia Nacional de Navegação Costeira que levavam carga e passageiros em viagens ao longo do litoral brasileiro.

Eles funcionavam como trens, percorrendo o litoral de cidade em cidade. Todos eram batizados com nomes indígenas tupis começados com a partícula ita: Itaberá, Itagiba, Itaguassu etc. 

Tudo mudou quando o Itaúba foi alistado à Marinha (não foi voluntário, claro: o ita dessa história estava afogado em dívidas e precisava de uma saída). Foi quando recebeu o nome com que ficaria conhecido, em homenagem ao Capitão de fragata Manuel Antônio Vital de Oliveira.

Quando se juntou à frota, era visivelmente menos preparado para as missões militares. Por isso, foi considerado um navio auxiliar, responsável por fazer a entrega de suprimentos para outras embarcações, ilhas e bases militares. 

Na sua última missão, o Vital de Oliveira deveria contar com a proteção do caça-submarino Javari, que estava encarregado de escoltar o navio até o Rio de Janeiro. No entanto, após cruzarem o Farol de São Tomé, os dois perderam contato visual, e o Vital seguiu sem a escolta. Quando o U-861 (submarino alemão) atacou, o Vital estava sozinho. Estima-se que 270 pessoas estavam a bordo, entre elas crianças e adolescentes. 99 morreram. 

Fonte: abril

Sobre o autor

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Fábio Neves

Jornalista DRT 0003133/MT - O universo de cada um, se resume no tamanho do seu saber. Vamos ser a mudança que, queremos ver no Mundo