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Política

Boulos critica setor agropecuário brasileiro por aumento do preço do café e gera debates online

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O deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) declarou, nesta quarta-feira, 29, que o aumento de quase 40% no preço do café no Brasil se deve à exportação do produto pelo agronegócio, acusando o setor de priorizar o lucro externo em detrimento do consumidor brasileiro.

No entanto, sua análise foi rebatida pelo investidor Leandro Ruschel, que explicou, em detalhes, como o mercado global de café funciona e por que a afirmação de Boulos está equivocada e representa uma visão distorcida da realidade econômica.

Em publicação no Twitter/X, Boulos comparou o aumento de quase 40% no preço do café com a exportação de R$ 75 bilhões do grão pelo agronegócio brasileiro. “Primeiro, vem o lucro; se sobrar algo, vendem no mercado interno”, declarou. “Resultado: riqueza para meia dúzia de exportadores, e comida mais cara no prato de milhões de brasileiros.”

O deputado sugere que o aumento do preço do café no Brasil seria resultado de uma priorização das exportações pelo agronegócio, em detrimento do abastecimento interno. Boulos ainda insinua que o modelo atual beneficia apenas uma pequena elite de exportadores, enquanto a população em geral sofre com os preços altos.

Leandro Ruschel, em resposta à publicação de Boulos, analisou o funcionamento do mercado global de café e destacou que o preço do produto é determinado por fatores como oferta e demanda, e não pela ganância dos exportadores.

“Há vários produtores no mundo, que geram uma oferta do produto, no caso o café”, disse Ruschel. “Há a demanda, gerada pelos consumidores. A relação entre oferta e demanda produz um preço de equilíbrio.”

Ele ressaltou que o café é um commodity com demanda relativamente estável, mas que variações na oferta, influenciadas por fatores como condições climáticas, podem impactar os preços de forma significativa.

Ruschel também destacou a eficiência do Brasil na produção de , que permite ao país não apenas suprir a demanda interna, mas também exportar para o mercado global. “Se um país é eficiente na produção de um produto, como o Brasil é em relação ao café, ele consegue suprir a demanda interna, e ainda exportar para o mercado externo.”

Ruschel argumentou que o modelo atual, longe de ser prejudicial, gera um ciclo de riqueza que beneficia toda a economia. Ele explicou que, ao exportar café, o Brasil obtém divisas internacionais, fortalece a balança comercial e estimula investimentos no setor.

“O Brasil aumenta o ingresso de divisas internacionais, favorecendo a balança comercial e enriquecendo o país, não apenas o produtor, visto que ele vai investir mais no negócio, contratar mais gente, comprar mais insumos, consumir mais, e o saldo que sobrar, ele vai deixar no banco, que usará os recursos para emprestar mais, fazendo toda a economia nacional crescer,” disse.

Ruschel também criticou a visão de Boulos e de outros defensores de políticas socialistas, que, segundo ele, promovem um ““. Ele alertou que medidas como a taxação de exportações ou a proibição de vendas externas, que já foram discutidas por setores do governo, poderiam levar à queda da produção, à escassez do produto e ao aumento dos preços.

“Caso ela fosse implementada, o aumento da oferta interna levaria à queda de preços, comprimindo o lucro do produtor”, explicou o analista. “Há um desincentivo à expansão da produção, o que faz com que a queda inicial dos preços seja revertida para alta do preço, num segundo momento, pela queda da produção.”

Andrea Illy, presidente da Illycaffè, elogiou as práticas agrícolas regenerativas da Fazenda Serra do Boné | Foto: Reprodução/Flickr
Os Preços Do Café Estão Cada Vez Mais Amargos | Foto: Reprodução/Flickr

Ruschel foi ainda mais contundente ao afirmar que políticas intervencionistas, como o controle de preços, tendem a gerar escassez e prejudicar a economia como um todo. Ele citou exemplos históricos de regimes socialistas que adotaram medidas semelhantes e mergulharam seus países em crises econômicas.

“Quando o preço aumenta, pelos motivos apresentados, os néscios socialistas tiram da manga a ‘brilhante’ medida de tabelar os preços”, ironizou. “Como ninguém trabalha para produzir prejuízos, o ‘ganancioso’ produtor que ‘só pensa em lucro’ fecha as portas, promovendo a escassez, ou seja, o produto fica indisponível ao público.”

Enquanto Boulos critica o modelo atual e o acusa de beneficiar poucos em detrimento da maioria, Ruschel demonstra que o mercado global de café funciona com base em princípios econômicos sólidos, que, quando respeitados, geram riqueza e desenvolvimento para o país.

Fonte: revistaoeste

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