Ari Miranda
Única News
Um estudo pioneiro realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Universidade de São Paulo (USP) revelou a circulação de uma variante da Covid-19, denominada ‘Alfacoronavirus’ entre uma população de morcegos na região do Pantanal mato-grossense e baixada cuiabana.
A informação foi divulgada em publicação da Multidisciplinary Digital Publishing Institute (MDPI – Instituto Multidisciplinar de Publicação Digital) no dia 11 deste mês. O vírus foi encontrado pela primeira vez em MT e no Centro Oeste do país em morcegos que habitam regiões florestais e prédios abandonados de Cuiabá e das cidades de Santo Antônio de Leverger, Poconé e Nobres, a 33, 104 e 128 quilômetros da Capital, respectivamente.
Segundo o relatório, o Alfacoronavirus pertence à família do Coronavírus, a Coronaviridae, e é conhecido por causar infecções respiratórias em diversos mamíferos.
Além disso, o estudo revela que as grandes epidemias, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), em 2003, e a Covid, em 2019, estão associadas a mudanças nos habitats naturais dos animais, aumentando o contato entre humanos e animais selvagens e elevando o risco de novas infecções.
Todavia, em entrevista ao portal g1, o médico veterinário Daniel Moura de Aguiar, que coordenou o estudo, disse que por mais que o vírus seja da mesma linhagem do Covid-19 e os morcegos sejam hospedeiros naturais do microrganismo, ainda não existem evidências claras de que a variante possa ser transmitida para humanos.
“Falar de risco para transmissão de Alfacoronavirus de morcegos para humanos é muito difícil. Normalmente nós humanos somos suscetíveis ao Betacoronavirus, como experimentamos recentemente com o Covid”, disse.
Mesmo apresentando dificuldade, o especialista destaca a importância do monitoramento continuo às mutações do Alfacoronavirus e sua dinâmica entre os morcegos da região.
“Não posso afirmar que os Alfacoronavirus são mais propensos a mutações, mas precisamos manter esse monitoramento sempre atualizado, para ir observando a dinâmica de mutações dos Coronavírus nessa população animal”, destacou.
Sobre a aproximação dos morcegos às áreas urbanas, o especialista apontou o impacto das alterações nos habitats naturais como um fator que vem modificando os hábitos da espécie, como as queimadas no Pantanal, que acabam forçando vários exemplares da espécie a migrar, forçando assim o contato entre as diferentes espécies de morcego e disseminando o Alfacoronavirus entre eles.
“O Pantanal é um sistema ecológico muito sensível. Em se tratando de zoonoses, acredito que a manutenção de campos limpos no Pantanal é a principal atitude para implementar medidas de controle de zoonoses. Mantendo esses ambientes limpos e conservando, isso permitirá que os morcegos fiquem em seus habitats e não precisem buscar abrigos próximos a outras espécies animais, dentre eles os humanos”, pontuou.
Para o estudo, foram capturados 419 morcegos de diversas espécies, nos biomas do Pantanal e Cerrado.
Além da UFMT e USP, participaram também da pesquisa a Universidade do Porto, Universidade Estadual de Campinas, Instituto Butantan e Hospital Israelita Albert Einstein.
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Fonte: unicanews