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Ciência & Saúde

Descubra por que pesadelos se repetem com mais frequência

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Ninguém gosta de pesadelos. Aquela sensação angustiante de deitar a cabeça no travesseiro e sentir que está caindo, que um acidente está prestes a acontecer ou que um ente querido está em perigo. Mesmo assim, esses cenários se repetem constantemente (bem mais do que nossos sonhos divertidos e abstratos) e são os mais lembrados depois que acordamos. Por quê?

Falar de sonhos ainda é um grande mistério da ciência. É difícil conseguir explicar algo tão subjetivo e exclusivo para cada um, mais ainda tentar controlá-los em contextos experimentais. Algumas coisas, porém, nós já sabemos. Por exemplo: depois de eventos tensos globais (como a Covid ou a queda das Torres Gêmeas), o trauma ajudou cientistas a estudarem os sonhos, já que se criou um padrão no imaginário coletivo.

75% dos adultos relatam ter tido a experiência de sonhos repetidos. Quando falamos disso, não quer dizer que os devaneios precisam sempre seguir uma mesma linha de acontecimentos. Basta que os temas, personagens, localização e enfoque estejam presentes, mesmo  que o “cenário” mude.

Em dois terços das vezes, os sonhos que se repetem são relatados por adultos como negativos – que, muitas vezes, descrevem ataques, perseguições, caídas e atrasos. Sonhos positivos recorrentes, por outro lado, incluem temas como voar ou descobrir um novo quarto em casa.

A teoria dos pesquisadores é que o domínio dos sonhos negativos pode ser um tipo de espelho dos problemas das nossas vidas reais. 

O chamado “viés de negatividade” é uma tendência comum entre os seres humanos: focamos mais em pensamentos, emoções ou interações negativas do que nas positivas, algo que remonta à nossa necessidade subconsciente de lidar com situações que ameaçam nossa sobrevivência. Esse viés pode se intensificar durante o sono, pois a parte do cérebro associada às emoções é mais ativada nesse momento, enfraquecendo o filtro entre nossos pensamentos e sentimentos.

Durante a pandemia, os relatos de sonhos vívidos aumentaram significativamente – cortesia da alteração na rotina, do estresse generalizado e da ameaça à nossa sobrevivência. Os mais recorrentes, claro, eram os sonhos negativos. Com base em mais de 15.000 relatos, Deirdre Leigh Barrett, pesquisadora de sonhos e autora do livro Pandemic Dreams, constatou em um estudo que temas de medo, doença e morte se tornaram de duas a quatro vezes mais frequentes, com cenários comuns incluindo a morte de entes queridos, enxames de insetos e desastres como tsunamis.

Quando a quarentena começou, Barrett observou que os sonhos eram mais literais e causavam mais medo e ansiedade. Com o tempo, passaram a envolver situações menos aterradoras, mas ainda desconfortáveis, como a vergonha social (ser a única pessoa sem máscara em público, por exemplo). Barrett explica que esses sonhos estão ligados à “hipótese da continuidade”, ou seja, se as emoções não são processadas durante o dia, o subconsciente tenta processá-las à noite.

À medida que a noite avança, a produção de cortisol, o hormônio do estresse, aumenta. Acredita-se que a quantidade de cortisol no corpo possa influenciar tanto a consolidação das memórias quanto o tipo de sonhos que temos. Assim, os sonhos mais próximos do amanhecer tendem a ser mais fragmentados ou absurdos. Enquanto dormimos, reorganizamos pensamentos e sentimentos, em processo de “limpeza mental” que pode despertar uma consciência parcial.

Nesse estado, as ideias e emoções se misturam de formas inesperadas, gerando sonhos estranhos e surrealistas. Além disso, experiências do dia, especialmente após eventos tensos, podem alimentar pesadelos ou sonhos repletos de ansiedade.

Mas existe uma cura. Pesquisadores acreditam que uma boa “higiene do sono”, com horários regulares, evitando telas e substâncias como cafeína e álcool antes de dormir, é essencial para evitar a tradução das ansiedades lúcidas para os sonhos.

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Fonte: abril

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