Depois de atrasar alguns meses, “A Menina” finalmente chegou.
O fenômeno climático La Niña, que resfria a temperatura global, começou no final de dezembro de 2024, confirmaram cientistas na semana passada. Mas, neste ano, ele veio de forma atípica: além de chegar atrasado, seus efeitos deverão ser bem mais fracos do que o normal.
O anúncio foi feito pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), um órgão de pesquisa ligado ao governo dos EUA. Segundo o instituto, o esperado é que a La Niña dure até abril, quando as condições passarão a transicionar para o estado neutro (ou seja, sem La Niña ou El Niño).
La Niña e El Niño são fenômenos climáticos opostos e cíclicos, que envolvem variações na temperatura das águas do Pacífico causadas pelo padrão de ventos.
“O menino” acontece quando o oceano fica mais quente, e ele causa um aumento médio da temperatura global, secas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e chuvas intensas nas regiões Sul e Sudeste.
Já “A menina” é o oposto: ocorre quando há um resfriamento do Oceano Pacífico na sua porção equatorial, e causa os efeitos inversos do seu irmão.
Os dois fenômenos se intercalam com fases de neutralidade, mas isso não ocorre de forma tão previsível e regular – os ciclos costumam durar entre dois e sete anos. Cientistas até conseguem fazer algumas projeções sobre o comportamento climático, que ficam mais precisas quanto mais dados são coletados, mas não dá para cravar, e por isso atualizações são publicadas regularmente por órgãos de pesquisa.
O que dá para afirmar sobre esse La Niña é que ela, de fato, chegou atrasado – esperava-se que o fenômeno começasse entre agosto e novembro de 2024. Além disso, ele deve durar menos tempo do que o normal. E, justamente por isso, seus efeitos típicos estão estranhamente fracos, ainda que existam.
Isso acontece, vale dizer, depois de um El Niño estranhamente forte, que ocorreu durante a maior parte de 2023. Esse evento climático causou temperaturas muito altas aqui no Brasil, além de alterar os padrões de chuvas no país.
O El Niño fortão também contribuiu para colocar 2023 e 2024 no topo dos anos mais quentes já registrados na história. O La Niña vem para resfriar um pouco o planeta depois disso, mas, como dissemos, seus efeitos estão mais tímidos do que o normal.
Vale lembrar que, independentemente dos efeitos do El Niño ou La Niña, a temperatura global está aumentando ao longo das décadas por conta da interferência humana; a emissão de gases do efeito estufa leva ao aquecimento global, e as variações causadas por esses efeitos climáticos são pontuais, incapazes de alterar essa tendência de longo prazo.
Explicamos em detalhes o funcionamento do El Niño e da La Niña nesta reportagem.
Fonte: abril