Em 1994, a rivalidade entre Sega e Nintendo estava no auge, com ambas as empresas extraindo o máximo de performance dos seus consoles de 16 bits. No ano anterior, a Nintendo havia lançado Star Fox, cujo cartucho trazia um chip coprocessador – e, por isso, conseguia fazer com que o Super NES gerasse gráficos poligonais, 3D. A Sega respondeu com Virtua Racing, uma conversão dos arcades para o Mega Drive, também com um chip 3D no cartucho.
Os jogos 2D também davam saltos tecnológicos. Aladdin, lançado pela Sega em 1993, trouxe gráficos impressionantes para a época: os personagens foram desenhados à mão, como num filme de animação, e então digitalizados. Fez sucesso, e motivou uma resposta marcante da Nintendo – que entraria para a história dos games.
Donkey Kong Country, desenvolvido para a empresa japonesa pelo estúdio britânico Rare, foi o primeiro side-scroller (jogo 2D com ação lateral) a trazer personagens 3D pré-renderizados, ou seja, cujas animações foram geradas previamente em computadores de alta performance (a Rare usou estações de trabalho da Silicon Graphics, que custavam US$ 100 mil cada).
A Rare criou uma técnica que transformava essas imagens 3D em elementos 2D, que o Super NES era capaz de manipular. Ou seja, o console não precisava gerar as animações em tempo real – com isso, o game podia ter um visual bem mais caprichado. O resultado era notável. Donkey Kong Country vendeu 9 milhões de cópias, e se tornou um clássico dos 16 bits.
Em 2010, a Nintendo revisitou a franquia no Wii, com Donkey Kong Country Returns, uma continuação bem fiel ao espírito do original, e que também fez sucesso, com 6,5 milhões de cópias vendidas.
Agora, uma década e meia depois, esse jogo está sendo lançado, em versão remasterizada, para o Nintendo Switch. Donkey Kong Country Returns HD tem bons gráficos, que não destoam mesmo em 2025, e jogabilidade quase idêntica ao original.
Isso inclui a inércia do protagonista: como ele é um gorila, demora um pouco para acelerar e frear, o que torna os saltos mais difíceis – e você precisa levar em conta ao atravessar os cenários. O game tem uma curva de dificuldade bem calibrada.
As fases iniciais são mais tranquilas, mas eventualmente aparecem situações bem desafiadoras (os níveis 4-3, 4-5, 5-8 e 8-2 são especialmente infernais, no bom sentido).
É um platformer à moda antiga, difícil como deve ser. Mas com duas concessões. Se você quiser, pode jogar no “modo moderno”, que aumenta a vida do protagonista, e também recorrer ao “super guide”, um modo que ensina como passar de qualquer fase (ou faz isso para você).
Todos os níveis têm itens opcionais, que você pega se quiser. Em alguns casos, eles são bem difíceis de alcançar. Vale o esforço, pois a recompensa (sem entrar em spoilers) não é meramente cosmética.
DKC combina boa jogabilidade, bom desafio e bastante conteúdo. Seu antecessor foi um marco dos 16 bits – e ele é um dos melhores platformers da geração atual.
Donkey Kong Country Returns HD será lançado dia 16/1, para Nintendo Switch, por R$ 299. Também estará disponível em mídia física, por R$ 349 (veja link abaixo, da Amazon).
Donkey Kong Country Returns HD
Fonte: abril