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Moradores do bairro São Mateus sofrem com perdas devastadoras após enchente: ‘desespero total’

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Moradores do bairro São Mateus protagonizaram cenas de desespero na noite de domingo (12), durante a tempestade que atingiu Cuiabá. Parte da estrutura de um córrego cedeu, intensificando os alagamentos na região. Casas invadidas pelo alto nível da água, que chegava a bater na altura de janelas. Móveis perdidos, resultando em perdas totais e enormes prejuízos para os populares.
Conforme o Corpo de Bombeiros, os chamados por inundação começaram por volta das 18h, e as equipes ficaram empenhadas até 00h. Ao todo, foram 44 acionamentos por inundação em diversos bairros da Capital e Várzea Grande, junto com um chamado por risco de deslizamento.
O esteve no bairro na manhã desta segunda-feira (13), em um cenário de tragédia, com vários entulhos acumulados, móveis para fora das casas e moradores avaliando os estragos. O bota-fora da Prefeitura de Cuiabá está no local para auxiliar na retirada dos entulhos.
O morador Gabriel César é um dos que perdeu tudo durante a enchente. Ele mora em uma quitinete no bairro há sete meses, junto com a esposa. Ele estima um prejuízo de R$ 10 mil.
“Foi um desespero total, todo mundo correndo e tentando salvar o máximo de coisas possível. A água começou a subir muito rápido, foi questão de minutos, e quando a gente viu, as coisas já estavam boiando aqui dentro de casa. Perdemos tudo, o pessoal perdeu as motos e carros aqui fora. Por volta das 20h, a água já tinha tomado tudo, foi a hora da correria, a água na rua batia na barriga da gente”, conta o jovem.

Devido ao desastre, ele e a esposa acabaram saindo de casa para dormir na casa de sua mãe. Eles perderam todos os móveis. Agora, o casal irá recomeçar do zero, trabalhando. Eles não ficam mais na atual residência e já procuram outro lugar para morar.
Outro atingido foi o Seo João Bosco, proprietário do mercadinho Empório do Bosco. Ele vive no bairro São Mateus há 15 anos, e foi a primeira vez que testemunhou uma enchente no local. Ainda não sabe estimar o prejuízo total, mas grande parte da mercadoria comercializada foi perdida. Ele mora aos fundos do estabelecimento.
“Não vou abrir o mercadinho hoje, vou fazer uma avaliação dos estragos com minha filha, ver o que não vai perder. O negócio é que hoje é dia de pagar boleto, e já começa com prejuízo. Agora é tentar recuperar”, disse o comerciante.
O idoso não estava em casa quando começou a enchente. Quando chegou no bairro, não conseguiu entrar com o veículo e ir até sua residência, por conta do nível da água. Ele ficou dentro do carro, aguardando a chuva parar. Como ele tem uma lesão na coluna, ficou com medo de entrar na água. Ele dormiu em casa, com parte do colchão molhado.
Já Edno Cordeio, 58 anos, testemunhou quatro enchentes na região, somando com a da noite de domingo. “Estou passando muita raiva e estresse. Espero que eles [Poder Público] organizem e ajudem a gente, ajudar ao menos a amenizar essas coisas. Eu já estou com essa idade, 58 anos, o que eu vou conquistar daqui para frente? Para mim, não compensa mais nada. Aí, quando eu conquisto uma coisinha eu perco tudo. Eu estava trabalhando e quando cheguei, vi os estragos. Nessa brincadeira, eu perdi na faixa dos R$ 20 a 30 mil”.
O morador está desperançoso com a situação, sem saber como irá conseguir se reerguer, pois perdeu tudo em sua residência e não tem para onde ir. Além disso, ele sobrevive com trabalhos pontuais, fazendo diárias em chácaras e outros bicos: “ou eu viro andarilho, vou para a rua, largo isso aqui que eu perdi”, pontuou.
 

 

O prefeito Abilio Brunini (PL) visitou a região do bairro São Mateus e outros pontos alagados, ainda na noite de domingo, determinando que a Secretaria Municipal de Assistência Social avalie, com urgência, as políticas públicas que podem ser implementadas para auxiliar os moradores afetados.
“Primeiro, vamos atender as pessoas que estavam em casas alagadas, retirando-as das áreas de risco. Estamos em diálogo com a Defesa Civil e a Assistência Social do Estado para nos auxiliarem. Nas últimas 24 horas, registramos 91 milímetros de chuva, um índice acima da média”, afirmou Abílio Brunini.
Já nesta manhã de segunda-feira, a Defesa Civil Municipal avalia as medidas necessárias para minimizar os impactos das enchentes e prevenir novos transtornos.
“Primeiro atendemos as pessoas que estavam com as casas alagadas, tirando-as da área de risco. Agora, já estamos em contato com a Defesa Civil do Estado e com a Secretaria de Assistência Social do município para providenciar a reposição emergencial de itens essenciais para as famílias atingidas, como colchões, kits de dormitório e cestas básicas”, afirmou o coronel Alessandro, comandante da Defesa Civil de Cuiabá.
Além do suporte humanitário, equipes da Defesa Civil e da Secretaria de Obras Públicas foram mobilizadas para ações estruturais de emergência.
“Estamos realizando uma análise detalhada para promover intervenções imediatas, como a limpeza de bueiros e a desobstrução dos córregos que cruzam os bairros atingidos. Nosso objetivo é evitar que novos alagamentos aconteçam, especialmente neste período de chuvas intensas”, destacou Alessandro.

No dia 18 de março de 1974, o Rio Cuiabá atingiu 10,87 metros depois de fortes chuvas, que protagonizaram a maior enchente da capital mato-grossense. A força da água foi tão grande que inundou e fez desaparecer alguns bairros ribeirinhos como Barcelos, Várzea Ana Poupino e o Bairro Terceiro. Eles ficavam localizados onde hoje é a região da avenida Beira Rio.
O bairro São Mateus, principal atingido pelos alagamentos na noite de domingo (12), em Cuiabá, também está próximo à avenida, que fica às margens do rio Cuiabá.

 

Fonte: Olhar Direto

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