Basta falar em crianças extraordinĂĄrias para que caracterĂsticas como superdotada, brilhante e com desempenho acadĂȘmico impecĂĄvel venham Ă mente. No entanto, nĂŁo Ă© necessĂĄrio apresentar alguma habilidade incrĂvel para ter a inteligĂȘncia acima da mĂ©dia. âPara ser um super gĂȘnio, basta que todas as ĂĄreas de seu desenvolvimento sejam bem estimuladasâ, garante a especialista em neurociĂȘncia Fernanda Monteiro.
Autora do livro Super GĂȘnios, ela explica que isso Ă© possĂvel quando os pais incentivam os filhos dentro de um ambiente saudĂĄvel e afetuoso. Isso porque, âatĂ© os 6 anos de idade a criança estĂĄ em um momento decisivo para o aumento de suas estruturas e funçÔes cerebrais, e consegue adquirir novas habilidadesâ, afirma Fernanda, ao citar que o cĂ©rebro do bebĂȘ, por exemplo, realiza atĂ© mil conexĂ”es por segundo. âĂ a fase de maior velocidade do desenvolvimento cerebralâ.
Por isso, ela sugere o estĂmulo de cinco aspectos fĂsicos e emocionais na educação da criança para que ela apresente melhor desempenho acadĂȘmico, profissional e social ao longo da vida. âĂ um mĂ©todo simples conhecido como Brinc, que foi criado apĂłs anos de observação clĂnica e trabalhos de pesquisaâ.
Com essa tĂ©cnica, os pais identificam as necessidades do filho, preparam um ambiente saudĂĄvel para ele e usam ferramentas importantes que aumentam suas capacidades sensoriais, motoras, cognitivas e emocionais. Afinal, âtoda criança tem seu potencial de desenvolvimento garantido quando lhe oferecemos um ambiente incentivador, seguro e afetivoâ, aponta a especialista, ao apresentar abaixo quais sĂŁo as cinco dicas para criação de um super gĂȘnio.
- Brincar
O primeiro pilar Ă© a utilização de atividades lĂșdicas e divertidas para ensinar a criança, pois isso dĂĄ aos pequenos a chance de explorar o conhecimento de forma prazerosa e motivadora. AlĂ©m disso, a autora afirma que os bebĂȘs tambĂ©m devem brincar de maneira livre, usando a imaginação e aproveitando, ao mĂĄximo, o que tiverem por perto. âAtĂ© os 2 anos, por exemplo, o aprendizado Ă© feito pelos sentidos e pela ĂĄrea motora, entĂŁo a criança explora o mesmo objeto de vĂĄrias formas e resolve problemas por meio da repetiçãoâ.
JĂĄ Ă medida em que cresce, as aulas extracurriculares que os pais adoram â como natação, inglĂȘs, violĂŁo, balĂ© e tantas outras â tambĂ©m devem se tornar uma forma de diversĂŁo para o filho, e nĂŁo apenas uma obrigação para que ele se destaque entre os colegas. âNĂŁo hĂĄ nada de errado em fazer essas atividades extras, mas elas devem ser um momento de aprendizagem e prazerâ.
- Relação afetiva
AlĂ©m de se divertir, a criança precisa receber carinho dentro de casa, pois esse afeto transmitido desde os primeiros momentos de vida formam a estrutura emocional que o indivĂduo levarĂĄ para o futuro. âE esse vĂnculo Ă© ainda mais importante no cuidado com o bebĂȘ, porque Ă© por meio do afeto que ele começa sua adaptação ao mundo, se sente seguro e aprende a controlar a ansiedade diante do desconhecidoâ, aponta Fernanda, ao indicar que isso influencia em todo o desenvolvimento neurolĂłgico da criança ligado ao comportamento e Ă s suas emoçÔes.
- Interação
SĂł que, para essa relação afetiva acontecer, Ă© necessĂĄrio que exista interação familiar constante por meio de abraços, beijos e diĂĄlogo. De acordo com a especialista em neurociĂȘncia, essa troca de experiĂȘncias entre adultos e crianças gera estĂmulos cognitivos importantes para os filhos e contribui no progresso de funçÔes como a atenção, resolução de problemas, autocontrole, obediĂȘncia, organização, busca por metas e a inibição de comportamentos inadequados. âLembrando que os pais ou cuidadores precisam servir como referĂȘncia para a criança, pois ela aprende por meio da observação desse adultoâ.
- Neurodesenvolvimento
Outro fator importante para estimular a inteligĂȘncia dos filhos Ă© promover suas habilidades e competĂȘncias em cada fase, pois o cĂ©rebro passa por mudanças de acordo com a idade. Por isso, Ă© importante pesquisar atividades para as diferentes etapas da infĂąncia e perceber em quais delas a criança se destaca. âAlguns gostam mais de desenhar, outros de ler e escrever, ou ainda de correr, pular e jogar bolaâ, exemplifica Fernanda, ao pedir que os pais incentivem o desenvolvimento desses talentos, mas sem comprometer o estĂmulo Ă s demais aptidĂ”es.
O que pode ser feito, inclusive, Ă© aproveitar um assunto de interesse do pequeno para apresentar a ele outras formas de conhecimento. âPara uma criança que gosta muito de jogar bola, por exemplo, podemos oferecer tarefas de pintura, recorte, colagem, jogos ou livros com o tema de futebolâ, incentiva. âIsso farĂĄ com que ela experimente outras habilidades, a tirarĂĄ de sua zona de conforto e a ajudarĂĄ a lidar com novos desafiosâ.
- Condutas
Por fim, os pequenos precisam de uma rotina organizada dentro de casa para que tenham previsibilidade do que acontecerĂĄ durante o dia e se sintam mais seguros para iniciar, sozinhos, algumas das tarefas previstas. âIsso ajudarĂĄ no desenvolvimento de sua independĂȘncia e autonomiaâ, afirma Fernanda, que tambĂ©m aponta a necessidade de impor regras para que a criança desenvolva a resiliĂȘncia. âAfinal, ela precisa aprender a lidar com a frustração diante dos limites colocados, que sĂŁo benĂ©ficos para seu desenvolvimento plenoâ.
Fonte: semprefamilia.com.br