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Descoberta: Estrada dos Dinossauros de 166 milhões de anos na Inglaterra

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Uma descoberta digna de Jurassic Park foi feita em uma jazida em Oxfordshire, um condado metropolitano que fica a 83km de Londres. Pesquisadores britânicos encontraram quase 200 pegadas de dinossauros no local, como se ali fosse uma passarela dos bichos.

As pegadas datam de 166 milhões de anos atrás, no meio do Período Jurássico. De acordo com pesquisadores, elas remetem a dois tipos diferentes de dinossauros: o Cetiosaurus, que é um pescoçudo saurópode, e o Megalosaurus, um terópode carnívoro.

As marcas foram descobertas sem querer por Gary Johnson, um trabalhador da jazida, enquanto dirigia um escavador. Para a BBC, ele diz que “estava basicamente limpando o barro quando bati em uma lombada, e pensei que era apenas uma anormalidade no solo”. Ele estranhou que a cada 3 metros de comprimento percorridos ele encontrava um novo obstáculo, foi aí que ele reparou que os buracos eram, na verdade, grandes pegadas. 

Durante o período de maio até agosto do ano passado, mais de 100 cientistas, estudantes e voluntários ajudaram na escavação do local para identificar os caminhos percorridos e marcados pelos dinossauros. No total, cinco “estradas” foram registradas. 

Cientistas identificaram que quatro desses caminhos foram feitos por saurópodes, dinossauros de até 18 metros de altura, com pescoços longos, que se alimentavam de plantas e andavam em quatro patas. O Arlo, personagem da animação “O Bom Dinossauro”, da Disney, é um bom exemplo desse dino.

O quinto caminho foi feito por um Megalosaurus. Eles são terópodes, grupo composto por grandes carnívoros bípedes, como o T-Rex. O responsável por essa estrada deveria ter 9 metros de altura, no máximo, e eram os maiores dinossauros no período Jurássico a andar por territórios britânicos. 

Graças à preservação das pegadas, os pesquisadores descobriram um local em que os caminhos de um saurópode e um megalosaurus se cruzaram. O pescoçudo passou primeiro, já que a borda frontal da pegada está ligeiramente esmagada pelo megalossauro de três dedos que andou sobre ela.

Richard Butler, professor de paleobiologia na Universidade de Birmingham, disse em comunicado que “há muito mais que podemos aprender com este sítio, que é uma parte importante do nosso patrimônio terrestre nacional. Nossos modelos 3D permitirão que pesquisadores continuem a estudar e tornem acessível essa parte do nosso passado para as gerações futuras.”

Foram feitas mais de 20 mil fotos para a criação dos modelos citados por Butler. Para a BBC, o professor conta que uma trilha de pegadas é uma ”fotografia instantânea da vida do animal”. Com elas é possível “descobrir coisas sobre como esse animal se movia. Pode aprender exatamente como era o ambiente em que ele vivia – um conjunto totalmente diferente de informações que não conseguimos obter do registro fóssil de ossos.”

O que são e como são formadas essas estradas?

Imagem de uma reconstrução artística de como o Megalosaurus e o Cetiosaurus podem ter criado as pegadas.
(Oxford University Museum of Natural History/ Mark Witton/Reprodução)

Pegadas preservadas são um tipo de fóssil. Eles são formados a partir da marca da caminhada de um animal no solo, que ficam preservados por milhares de anos. Quando encontrados, são analisados por cientistas profissionais da icnologia, especializados em pegadas de dinossauros.

De acordo com o Museu de História Natural dos Estados Unidos,  a área onde a pegada ocorre é chamada de “verdadeira pegada”. À medida que o animal dá um passo, o solo sob a pata é comprimido, criando características não só na superfície, mas também abaixo da pegada, conhecidas como undertracks (ou pegadas subjacentes). Essas impressões podem se estender de alguns centímetros até um metro abaixo da pegada original. 

Quando preservadas, elas podem sobreviver por milhões de anos. Tanto a pegada verdadeira quanto as undertracks podem ser encontradas, dependendo das condições.

Uma “estrada de pegadas” é uma sequência de passos do mesmo animal. Para que as pegadas se formem e se preservem, as condições do solo precisam ser ideais: não pode ser nem muito duro nem muito macio. Solo duro gera pegadas rasas e detalhadas, enquanto solo macio pode causar o colapso da pegada, distorcendo-a. Mesmo após formadas, as pegadas podem se degradar ou ser preenchidas e apagadas com o tempo.

Por isso a descoberta em Oxford surpreende tanto. Duncan Murdock, cientista da Terra no Museu de História Natural da Universidade de Oxford, disse que “a preservação é tão detalhada que podemos ver como a lama foi deformada à medida que os pés do dinossauro se afundavam e saíam. Juntamente com outros fósseis, como tocas, conchas e plantas, podemos recriar o ambiente lamacento da lagoa por onde os dinossauros caminharam.”

Butler conclui para a BBC que eles não sabem exatamente o motivo pelo qual essas pegadas estão tão bem preservadas. “Pode ser que tenha ocorrido uma tempestade que trouxe sedimentos, cobrindo as pegadas, o que fez com que elas fossem preservadas em vez de serem simplesmente apagadas” disse.

A descoberta é destaque no documentário da BBC “Digging for Britain“, transmitido em 8 de janeiro.

Fonte: abril

Sobre o autor

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Fábio Neves

Jornalista DRT 0003133/MT - O universo de cada um, se resume no tamanho do seu saber. Vamos ser a mudança que, queremos ver no Mundo