Não sabemos. Um estudo de 2023 que avaliou evidências históricas e científicas sobre esse tema concluiu que a perda de consciência provavelmente ocorre pouquíssimos segundos após a decapitação.
Há relatos anedóticos de pessoas aparentemente conscientes após serem guilhotinadas ou decapitadas com machados, mas essas são lendas urbanas. Conta-se, por exemplo, que Ana Bolena, que foi rainha consorte da Inglaterra entre 1533 e 1536, supostamente teria mexido a boca na tentativa de expressar suas últimas palavras. Já Charlotte Corday, uma aristocrata morta na Revolução Francesa, teria feito caretas após receber tapas na sua cabeça cortada.
Essas histórias muito provavelmente não passam de lendas. “Os rumores que circularam pelo imaginário europeu durante o Terror da Revolução Francesa parecem ser só isso – lendas urbanas curiosas que assustavam e aterrorizavam o público”, escreve o autor.
Em um estudo de 2014, pesquisadores da Nova Zelândia sedaram camundongos e usaram eletroencefalogramas para monitorá-los enquanto eram guilhotinados. Eles observaram atividade cerebral até 15 segundos após o golpe, mas isso não significa que os animais permaneciam conscientes durante esse tempo (afinal, você gera uma atividade elétrica detectável quando está dormindo ou anestesiado).
Outros estudos consideram a decapitação um método rápido e indolor de eutanásia para animais de laboratório. (A guilhotina, inclusive, foi desenvolvida na França como um método mais humanitário de execução, que envolvia menos sofrimento).
O professor Cláudio Queiroz, do Instituto do Cérebro da Universidade do Rio Grande do Norte, diz que provavelmente nunca saberemos a resposta verdadeiramente. Mas ele dá um palpite sobre o que pode acontecer após a decapitação:
“Considero que imediatamente após o impacto, dois processos acontecem. O primeiro é uma resposta neural, de centésimos de segundo, que seria percebida pelo sujeito decapitado como um grande choque [minha especulação], sendo provavelmente a última experiência consciente. O segundo fenômeno, entre 1 e 3 segundos, seria uma redução abrupta da pressão arterial, que levaria a perda da consciência [como observamos na síncope]”.
Fonte: abril