Quando se fala em Egito, a primeira coisa que vêm a mente são as Pirâmides de Gizé. Os monumentos serviam como gigantescas tumbas para faraós e outros nobres. Mas nem todos os membros da realeza foram sepultados em pirâmides: na verdade, muitos tiveram seus restos mortais guardados em tumbas subterrâneas.
Pelo menos 63 tumbas subterrâneas foram construídas para preservar as múmias e os pertences que essas pessoas acumularam em vida em uma área chamada hoje de Vale dos Reis – um desfiladeiro, na margem oeste do Rio Nilo, oposta à cidade de Luxor.
História do Vale dos Reis
Tebas era a capital do Egito Antigo durante o período do Novo Império (que foi de 1539 a 525 a. C.). Hoje chamada de Luxor, a cidade fica na margem leste do Nilo e preserva os templos de Amon e de Karnak.
Do lado oeste do rio, fica o Vale dos Reis – a escolha pelo local para sepultamento dos governantes se deu por conta da posição do sol, que se põe nesta margem do Nilo. Para as religiões da época, isso simbolizava a morte, enquanto o renascimento estava vinculado ao leste.
O simbolismo da necrópole era ainda maior porque do vale é possível enxergar o cume da montanha al-Qurn, que se assemelha a uma pirâmide: acreditava-se que a estrutura das pirâmides permitiria às almas alcançar os céus.
Historiadores estimam que Tutmés I foi o primeiro faraó a ser enterrado na região do Vale dos Reis. Apesar do nome dado ao local, não havia apenas faraós e nobres sepultados lá, mas também membros de suas famílias e sacerdotes.
Quase todos os faraós das 18ª, 19ª e 20ª dinastia egípcias ganharam túmulos no Vale dos Reis. As tumbas são, em geral, compostas por corredores descendentes compridos, que levam até as câmaras mortuárias. Os faraós Ramsés IV, Hatshepsut e Tutancâmon são alguns dos que foram sepultados ali.
Outro motivo que levou à construção desses novos tipos de mausoléus eram os constantes saques que ocorriam às câmaras mortuárias das pirâmides. As tumbas do Vale dos Reis possuem entradas escondidas e ficam ocultas debaixo da terra. Mas a estratégia não funcionou: estima-se que saques voltaram a ocorrer já durante a 21ª dinastia.
O interesse dos invasores não eram exatamente nas múmias, mas na variedade de objetos enterrados com elas: móveis, roupas, joias, alimentos e tudo mais que se imaginava que o nobre fosse precisar na vida seguinte.
Só o túmulo de Tutancâmon escapou dos furtos. Sua tumba foi descoberta apenas em 1922, pelo arqueólogo britânico Howard Carter. As câmaras estavam repletas de tesouros, hoje expostos no Museu Egípcio do Cairo. Embora seja uma das menores tumbas, ela é também a única em que a múmia pode ser vista pelos visitantes.
Outro atrativo da visita ao Vale dos Reis é que as tumbas eram decoradas com inscrições e pinturas nas paredes. As ilustrações e textos narravam cenas religiosas e mitos que compunham a liturgia egípcia antiga.
Até hoje, 63 tumbas foram descobertas, mas arqueólogos estimam que existam mais câmaras ainda desconhecidas. Existe ainda o Vale das Rainhas, onde eram enterradas esposas e outros familiares dos faraós.
Como visitar o Vale dos Reis
É possível desembarcar diretamente no Aeroporto de Luxor ou chegar na cidade de trem, ônibus ou carro. Luxor fica cerca de 700 km ao sul do Cairo e 250 km ao norte de Aswan, que também é um destino popular nos roteiros pelo Egito. Além disso, Luxor é uma das paradas dos cruzeiros pelo Rio Nilo.
Partindo de Luxor, é preciso pegar um táxi até a margem oeste do Nilo, onde fica o Vale dos Reis. São cerca de 45 minutos de viagem. Outra opção é pegar uma balsa para atravessar o Nilo e contratar um táxi ou moto táxi quando chegar à margem oposta.
Os ingressos para o Vale dos Reis devem ser comprados na portaria do sítio arqueológico. A entrada custa 750 libras egípcias (cerca de R$ 90) e garante entrada a três tumbas de faraós. É preciso escolher entre as opções abaixo, que variam de acordo com a disponibilidade – há um limite de visitantes por dia e as tumbas abertas aos turistas variam durante o ano, como uma estratégia de preservação.
- Ramsés VII
- Ramsés IV
- Ramsés IX
- Merneptá
- Ramsés III
- Tausert e Setnakht
- Seti II
- Ramsés I
- Tutmés I
- Siptá
Para visitar outras tumbas, como a de Tutancâmon, a única onde ainda é possível ver a múmia, é preciso adquirir ingressos separados, que também são adquiridos na entrada do sítio arqueológico.
- Ramsés V e VI – 180 libras egípcias (cerca de R$ 22)
- Seti I – 1.800 libras egípcias (cerca de R$ 218)
- Tutancâmon – 500 libras egípcias (cerca de R$ 61)
- Aí – 150 libras egípcias (cerca de R$ 18)
Depois de uma breve caminhada, há um bondinho elétrico que leva os visitantes de uma tumba a outra – opcional, ele custa 20 libras egípcias por pessoa (cerca de R$ 3)
O Vale dos Reis fica aberto diariamente das 6h às 17h durante o verão. Durante o inverno e o Ramadã, o funcionamento é das 6h às 16h.
Confira outras informações no site do Ministério do Turismo do Egito.
Outras dicas
As temperaturas são mais amenas no Egito de outubro a abril. Mesmo nesse período do ano, porém, prepare-se para suar ao entrar nas tumbas: além de serem fechadas, elas ficam cercadas pelo deserto.
Na teoria, tirar fotos com o celular é permitido dentro das tumbas, sem a cobrança de taxas. No entanto, há um golpe comum aplicado por muitos dos vigias que ficam dentro das tumbas: ao ver um visitante tirando fotos, ele afirma que é proibido e tenta extorquir algum dinheiro para que você possa continuar fotografando. Em alguns casos, eles até tentam pegar o seu celular para “apagar” a foto tirada. É importante ser firme e não dar muita atenção.
Fonte: viagemeturismo