– A Polícia Federal deflagrou, nesta sexta-feira (20), a segunda fase da Operação Sisamnes, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo decisões judiciais supostamente negociadas por magistrados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). A ação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados à assessora do desembargador João Ferreira Filho, um dos investigados.
De acordo com informações divulgadas pela jornalista Daniela Lima, da Globonews, a compra de imóveis e até uma motocicleta de luxo, que teriam sido adquiridos com dinheiro de propinas, motivou a nova etapa da operação. Os bens estão registrados na declaração de Imposto de Renda do magistrado, mas teriam sido comprados pela assessora, que não declarou os valores à Receita Federal.
Os investigadores apontam que a assessora do desembargador recebeu R$ 1,8 milhão em pagamentos de empresas ligadas ao advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023. O dinheiro teria sido usado para a compra de bens, como imóveis e veículos, em um esquema que visava ocultar a origem ilícita dos recursos.
A primeira fase da operação, deflagrada em novembro deste ano, já havia identificado operações imobiliárias suspeitas promovidas por Ferreira Filho e outros investigados, com indícios de corrupção e exploração de prestígio. Apesar disso, o pedido de prisão do desembargador foi negado pelo ministro Cristiano Zanin.
Entre as medidas autorizadas pelo STF nesta nova etapa estão o afastamento de servidores do Judiciário de suas funções, proibição de contato entre os investigados, bloqueio de bens no valor de R$ 1,8 milhão, sequestro dos imóveis adquiridos com o dinheiro ilícito e apreensão de passaportes.
A Operação Sisamnes faz referência à história do juiz persa Sisamnes, que, segundo a mitologia, aceitou um suborno para proferir uma sentença injusta.
Venda de sentenças
A investigação teve início em agosto, quando os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho foram afastados do TJMT sob suspeita de vender decisões judiciais. Em novembro, durante a primeira fase da operação, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas dos magistrados e prendeu Andreson Gonçalves, apontado como lobista e intermediário do esquema.
Ambos os desembargadores utilizam tornozeleira eletrônica, tiveram os passaportes retidos e permanecem com bens bloqueados enquanto as investigações seguem em andamento.
Fonte: odocumento