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Cerveja sem álcool e outros alimentos ‘saudáveis’: desvendando mitos e verdades

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Você sabe dizer quais produtos vendidos no supermercado são saudáveis? Apesar dos aspectos positivos destacados pela publicidade, essa percepção nem sempre corresponde 100% à realidade.

Para manter uma alimentação verdadeiramente saudável, é fundamental ler os rótulos com atenção e optar por alimentos naturais e minimamente processados.

A seguir, veja mitos e verdades dos alimentos que são frequentemente associados a uma dieta saudável.

1. Cerveja sem álcool

Mitos: é completamente livre de álcool, não causa nenhum tipo de efeito colateral e não engorda.

Verdades: embora chamada de “sem álcool”, esse tipo de cerveja ainda contém uma quantidade mínima da substância, geralmente até 0,5% de ABV (teor alcoólico por volume). Isso é insignificante para a maioria das pessoas, mas pode ser relevante para gestantes ou pacientes em recuperação do alcoolismo.

Ainda há quem possa experimentar efeitos como desidratação, náuseas, inchaço, gases, diarreia e até dor de cabeça, sobretudo se consumir grandes quantidades.

A cerveja sem álcool ainda pode conter menos calorias do que as versões alcoólicas, mas não é isenta delas. As calorias e os açúcares podem vir dos carboidratos presentes na bebida, como malte e cereais, explica a nutricionista Thaís Barca, da Clínica CliNutri e pós-graduada pela USP. “Por isso, é importante evitar o consumo excessivo, especialmente para quem está controlando o peso”, complementa.

Além disso, se você tem diabetes ou precisa monitorar os níveis de glicose, o ideal é consumir com moderação.

2. Café descafeinado

Mitos: não contém cafeína, é mais saudável que o café comum e seguro para todos, até crianças.

Verdades: o café descafeinado ainda contém uma pequena quantidade de cafeína, geralmente cerca de 2 a 5 miligramas por xícara, em comparação com os 95 miligramas de uma xícara de café regular.

É uma opção para pessoas sensíveis à cafeína (que podem sofrer com insônia, ansiedade, gastrite, aumento da pressão arterial) e também contém antioxidantes e outros nutrientes benéficos, como polifenóis, que têm propriedades anti-inflamatórias e ajudam na proteção contra doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.

“Vale lembrar que o café descafeinado não possui efeito estimulante e, portanto, não ajuda a melhorar temporariamente concentração, memória e desempenho físico”, informa Hellen Luz, nutricionista do Unipê (Centro Universitário de João Pessoa). Além disso, a cafeína está associada a um leve aumento no metabolismo e na queima de calorias, benefícios que estão ausentes no café descafeinado.

Embora esse café seja seguro para a maioria das pessoas, não é indicado para crianças e requer moderação para gestantes. Algumas pessoas também podem ser sensíveis aos produtos químicos utilizados no processo de descafeinação, principalmente se for um mais antigo. Porém, atualmente, existem métodos naturais que utilizam água ou CO2, mas é importante verificar a origem do café.

3. Doces livres de açúcar

Mitos: não afetam os níveis de glicose no sangue, são ideais para perda de peso e não causam problemas digestivos.

Verdades: embora não contenham açúcar refinado, esses doces podem ser ricos em calorias, gorduras e aditivos artificiais. Seu sabor adocicado acaba vindo da utilização de adoçantes, como maltitol, que pode causar picos de glicose em algumas pessoas, especialmente aquelas com diabetes.

Esses doces não necessariamente ajudam na perda de peso, já que contêm calorias provenientes de outras fontes, como cacau, óleos, manteigas e carboidratos (como espessantes ou texturizantes). Portanto, consumir esses doces em excesso pode somar calorias suficientes para dificultar a perda de peso ou mesmo levar ao ganho dele.

“Adoçantes artificiais como ciclamato, aspartame e acessulfame K são sintéticos e, em excesso, podem causar inflamação, e há estudos que sugerem câncer. Já os adoçantes naturais, como estévia, xilitol e eritritol, oferecem apenas sabor doce, sem calorias ou nutrientes. No entanto, o consumo excessivo de qualquer um (acima de 10 g por dia) pode causar desconfortos, como gases e diarreia, e deve ser evitado”, esclarece Larissa Mazocco, professora de nutrição do UDF (Centro Universitário do Distrito Federal).

4. Leite desnatado

Mitos: não contém gordura alguma, é melhor para emagrecer, indicado para todos e ajuda a prevenir doenças cardíacas.

Verdades: o leite desnatado tem uma quantidade mínima de gordura, geralmente menos de 0,5%. Isso o torna uma opção com baixo teor principalmente de triglicerídeos, mas não completamente isenta deles.

Ele contém quase todos os nutrientes presentes no leite integral, incluindo proteínas, vitaminas (como a B12 e riboflavina) e minerais (como cálcio e fósforo). No entanto, algumas vitaminas lipossolúveis, como a A e D, podem estar presentes em menor quantidade devido à remoção da gordura.

Também é fato que o leite desnatado, embora tenha menos calorias e gordura, pode não ser necessariamente eficaz para a perda de peso. Isso porque ele oferece menor saciedade, levando a uma possível compensação alimentar. Além disso, sua maior concentração de carboidratos acaba elevando o açúcar no sangue em pessoas sensíveis.

As necessidades nutricionais variam de pessoa para pessoa. Indivíduos com necessidades calóricas mais altas podem se beneficiar mais do leite integral. “No caso das crianças de 1 a 5 anos, elas precisam ter a gordura (do leite integral) para o desenvolvimento cerebral e o crescimento. O leite desnatado não deve ser a fonte principal de leite delas”, informa Thais Barca.

Larissa Mazocco complementa que o leite desnatado ainda tem compostos químicos artificiais, solventes para a retirada da gordura. “É muito mais industrializado, causando alergias e outros tipos de reação.”

Sobre proteger o coração, o leite desnatado pode contribuir para uma dieta com menos gordura saturada, o que contribui a manter níveis saudáveis de colesterol. No entanto, prevenir doenças cardíacas depende de uma dieta geral equilibrada e estilo de vida saudável.

5. Barrinha de proteína

Mitos: estão entre as melhores fontes de proteína, são ótimas para substituir refeições, ajudam no controle de peso e não possuem contraindicações.

Verdades: embora sejam convenientes, não devem substituir fontes de proteína completas e naturais, como carnes magras, ovos, feijões e legumes. Logo, essas barrinhas podem ser úteis apenas como um lanche rápido ou em situações pontuais, como para driblar um longo jejum fora de casa.

“Elas não fornecem todos os nutrientes essenciais de uma refeição equilibrada, que deve incluir café da manhã, almoço e jantar”, destaca Barca.

Elas ajudam na saciedade, mas também não espere perder peso só as comendo. Algumas contêm calorias excessivas, advindas de altos níveis de açúcares, gorduras saturadas e ingredientes artificiais. “Daí a importância de serem consumidas com moderação. A recomendação geral é priorizar alimentos naturais e reduzir o consumo de produtos industrializados”, lembra Hellen Luz.

Para algumas pessoas, consumir grandes quantidades de barrinhas de proteína pode causar desconforto digestivo, sobretudo se contiverem ingredientes como fibras adicionais ou adoçantes sintéticos. Quem tem síndrome do intestino irritável, intolerância à lactose, distúrbios renais e alergias alimentares precisa consumir com atenção.

6. Frutas secas

Mitos: elas têm o mesmo valor nutricional que as frutas frescas e são excelentes para perda de peso e para a saúde gastrointestinal.

Verdades: apesar de as frutas secas, como uvas-passas, damascos, figos e tâmaras, reterem muitos nutrientes (fibras, potássio, ferro, antioxidantes), o calor do processo de desidratação pode destruir algumas vitaminas, como a C e as do complexo B, informa Thais Barca.

“Os açúcares ainda se tornam mais concentrados, o que pode elevar o teor calórico e causar aumento do colesterol ‘ruim’ (LDL), da pressão arterial e de inflamações, contribuindo para o desenvolvimento de problemas cardíacos”, complementa a nutricionista.

Para se ter ideia, uma xícara de uvas frescas tem cerca de 60 calorias, enquanto uma xícara de uvas-passas pode conter mais de 400 calorias. Não ter ciência disso pode ser problemático para quem tem diabetes ou aqueles em dietas para perda de peso.

Outro ponto importante é que, para algumas pessoas, o consumo de frutas secas pode causar distensão abdominal, gases ou cólicas. Isso ocorre porque a alta concentração de fibras e açúcares (particularmente frutose e sorbitol, que estão presentes em algumas delas) pode fermentar no trato intestinal, especialmente em indivíduos com sensibilidades.

Se consumidas em grandes quantidades e sem água suficiente, as frutas secas então podem “roubar” água do sistema digestivo para reidratar as fibras, agravando sintomas de desidratação e constipação, tornando as fezes mais secas e difíceis de eliminar.

Fonte: uol

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