Astronautas podem ter muitos tipos de formação – para se candidatar a um cargo na Nasa, é preciso ter um mestrado em algum curso como engenharia, ciências biológicas, física, ciências da computação ou matemática. Donald R. Pettit, por exemplo, é astronauta da Nasa desde 1996, engenheiro químico e, nas horas vagas, astrofotógrafo.
Atualmente, Pettit está em sua terceira estadia na Estação Espacial Internacional (ISS). Há muitos anos ele divulga em seus perfis nas redes sociais as fotos excepcionais que tira no espaço. Em posts recentes, conta como tem utilizado uma ferramenta criada por ele mesmo para tirar fotos de estrelas distantes.
À primeira vista, a imagem pode parecer uma foto típica da ISS: você vê estrelas e a curvatura da Terra, com um brilho laranja distinto acima da superfície do nosso planeta. Mas há algo estranho na foto: embora a superfície da Terra esteja embaçada, as milhares de estrelas estão em foco perfeito.
Geralmente, fotografias de longa exposição como essa mostram as estrelas como riscos no céu, já que a ISS se move a 28 mil quilômetros por hora. É este o pulo do gato da invenção de Pettit: ele levou consigo para o espaço um rastreador de estrelas caseiro, um dispositivo que gira a câmera para compensar o movimento da ISS.
É uma variação de uma ferramenta usada por astrofotógrafos na Terra para fazer longas exposições das estrelas à medida que o planeta gira sob o céu noturno, compensando essa rotação para evitar que as estrelas se tornem riscos na imagem.
“Esse rastreador gira em um período de 90 minutos para coincidir com a taxa de inclinação da ISS. Sem ele, você não pode tirar fotos com [abertura de] mais de 1/2 segundo sem borrar as estrelas devido à taxa de movimento orbital”, escreveu Pettit no Reddit.
O resultado é uma imagem incrivelmente clara do céu noturno, mostrando muito mais estrelas do que seria possível com uma exposição mais curta. Isso porque quanto mais longa a exposição, mais luz é capturada na fotografia, permitindo que estrelas mais fracas apareçam no registro. O feito impressionante não é nada fácil e exige cálculos engenhosos.
“Eu alinho o eixo de rotação com a taxa de inclinação da ISS, que pode variar dependendo da altitude orbital. O alinhamento não é fácil em uma plataforma móvel. Até o momento, posso fazer exposições de 30 segundos sem movimento significativo da estrela.” disse Pettit em um comentário no Reddit.
“Olhar através de quatro painéis de vidro, dois dos quais têm 30 mm de espessura, em um ângulo, causa alguma distorção e um movimento relativo das estrelas induzido opticamente.”
Essa não é a primeira vez que Pettit demonstra suas habilidades de engenharia na ISS. Em 2008, ele criou a xícara de café zero-G, que se tornou a primeira invenção patenteada no espaço.
Na microgravidade de dentro da ISS, não é possível inclinar a xícara para levar a bebida até a boca, como estamos acostumados. “Consideramos a gravidade como algo natural”, disse Pettit, em um comunicado.
“Não paramos para pensar: ‘Será que o café vai subir e sair?’ ou ‘Será que podemos derramar o café?’. Simplesmente o fazemos. A gravidade cuida disso para nós, aplicando força ao café, puxando-o para baixo.”
A solução anterior era armazenar as bebidas em saquinhos e bebericar com um canudo, mas os astronautas odiavam. Experimentando com plástico e fita adesiva na ISS, Pettit criou um copo de plástico que usa a tensão superficial para funcionar de forma semelhante a um copo na Terra.
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Fonte: abril