A Suíça é um país neutro, ou seja, não se envolve nem toma partido em questões militares envolvendo outras nações. Essa política foi instituída em 1815 pelo Tratado de Paris, que formalizou a paz na Europa após a abdicação de Napoleão Bonaparte, e até hoje se mostrou eficaz: a Suíça teve sua neutralidade respeitada, e não foi invadida nas duas guerras mundiais.
Apesar disso, o país parece ver com preocupação o conflito entre Rússia e Ucrânia, e os possíveis desdobramentos geopolíticos relacionados à Europa. O governo suíço anunciou que irá investir US$ 250 milhões para reformar e modernizar a rede de bunkers nucleares espalhados pelo país, com o objetivo de garantir “resiliência em caso de conflito armado”.
“Isso não significa que estejamos nos preparando para um conflito”, afirmaram, algo contraditoriamente, as autoridades do país, “mas que nós temos uma rede de abrigos, e precisamos mantê-los e assegurar que estejam funcionais”.
Em 1963, um ano após a crise dos mísseis em Cuba, em que EUA e URSS chegaram perto de iniciar uma guerra nuclear, a Suíça aprovou uma lei que garante a todos os seus habitantes (atualmente, 8,8 milhões), bem como a estrangeiros e eventuais refugiados, vaga em um bunker.
Hoje, o país tem aproximadamente 370 mil abrigos do tipo. Os maiores são responsabilidade do Estado, mas muitos são administrados por proprietários privados – que são obrigados a mantê-los em condições adequadas, sob pena de multa.
Em maio de 2023, o governo anunciou que pretende desativar os bunkers pequenos, com capacidade para até sete pessoas, e priorizar os maiores. Com isso, aproximadamente 100 mil abrigos deixarão de estar disponíveis – e suas vagas terão de ser cobertas por bunkers de maior porte.
Estima-se que a Suíça tenha gasto US$ 13,2 bilhões até hoje para construir sua rede de bunkers. Mas eles também geraram algum retorno financeiro. As empresas suíças de engenharia adquiriram grande expertise na construção e manutenção de bunkers – e chegaram a construí-los em outros países, como na Líbia (quando ela era comandada por Muammar Gaddafi) e no Iraque (durante a era Saddam Hussein).
Fonte: abril