O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, celebrou a prisão do general da reserva Walter Braga Netto. Em entrevista ao jornal O Globo, divulgada neste sábado, 14, o petista disse que a detenção do militar representa um marco histórico para o país.
“Essa prisão mostra o vigor da nossa democracia”, disse Paulo Teixeira, ao citar Braga Netto. “Pode representar uma passagem muito importante no respeito às instituições democráticas.”
A prisão do general, segundo o ministro do governo Lula, também representa um reconhecimento aos militares que se mantiveram fiéis aos “valores democráticos” em um período de tensões políticas. “Braga Netto queria levar todo mundo para o golpe”, acusou.
De acordo com Paulo Teixeira, Braga Netto tentou usar sua posição e influência dentro das Forças Armadas para angariar apoio militar a um suposto plano golpista. O ministro não poupou críticas ao ex-ministro da Defesa e braço-direito do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Ele era uma laranja podre nas Forças Armadas”, disse Paulo Teixeira. “Assim como o Bolsonaro.”
A relação conturbada entre Paulo Teixeira e Braga Netto não é recente. Em 2021, quando o general ocupava o cargo de ministro da Defesa, houve um embate direto entre os dois no Congresso Nacional. Na ocasião, Braga Netto teria enviado recados de que só haveria eleições se o voto impresso fosse aprovado, uma pauta defendida pelo governo Bolsonaro.
Em resposta, Teixeira fez uma dura advertência pública durante uma sessão. “Quem decide sobre voto impresso não é Vossa Excelência, é o Congresso Nacional”, disse à época. “A Vossa Excelência, cabe obedecer. E caso não obedeça, será preso.”
Apesar das controvérsias, Paulo Teixeira enxerga na ação um momento decisivo para o Brasil. “É um recado claro de que ninguém está acima das leis ou das instituições democráticas”, concluiu.
A prendeu Braga Netto na manhã de ontem. Ele foi indiciado no inquérito que investiga uma suposta trama golpista. Durante a operação, agentes realizaram buscas em sua residência.
A prisão ocorreu em Copacabana, na zona sul do . Depois de ser detido, Braga Netto foi encaminhado ao Comando Militar do Leste, onde ficará sob custódia do Exército.
Em sua defesa, o general nega as acusações. Ele declarou que nunca se tratou de golpe, “muito menos de plano de assassinar alguém”.
Segundo o relatório da Polícia Federal, Braga Netto tentou obter informações sobre o acordo de colaboração do tenente-coronel , ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. De acordo com a PF, essa tentativa ocorreu por meio dos pais de Cid.
O relatório final da investigação, que indiciou Bolsonaro, Braga Netto e outras 35 pessoas, afirma o seguinte: “Outros elementos de prova demonstram que Braga Netto buscou, por meio dos genitores de Mauro Cid, informações sobre o acordo de colaboração”.
Em mensagens trocadas, o general Mario Fernandes, também indiciado no caso, relata que os pais de Mauro Cid teriam entrado em contato com Braga Netto e com o ex-ministro Augusto Heleno para negar o conteúdo da delação.
“Sobre a suposta delação premiada do Cid: a mãe e o pai dele ligaram para o Braga Netto e para o Augusto Heleno, informando que é tudo mentira!”, escreveu Fernandes ao coronel reformado Jorge Luiz Kormann, em 12 de setembro. A mensagem foi enviada três dias depois de o ministro Alexandre de Moraes, do STF, homologar a delação de Mauro Cid.
Durante uma operação de busca e apreensão na sede do Partido Liberal (PL), a PF encontrou um documento que seria um roteiro de “perguntas e respostas” relacionado à delação de Mauro Cid. O material estava na mesa do coronel Flávio Peregrino, assessor de Braga Netto à época.
O relatório da PF mostra haveria um esforço do grupo para acessar informações do acordo de colaboração. “O conteúdo indica se tratar de respostas dadas por Mauro Cid a questionamentos feitos por alguém possivelmente relacionado ao general Braga Netto, evidenciando a preocupação do grupo com temas ligados à tentativa de golpe de Estado”, alega a corporação.
Em um dos questionamentos, interpelaram Cid sobre “o que foi delatado” em relação às reuniões. A resposta, supostamente de Cid, dizia: “Nada, porque não entrava nas reuniões”.
A Polícia Federal acredita que Mauro Cid foi diretamente consultado sobre os detalhes de sua colaboração com a PF. “O contexto do documento revela que perguntas relacionadas ao acordo de colaboração foram respondidas pelo próprio Mauro Cid
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