Por mais que haja mais coisas entre o céu e a terra do que possa sonhar nossa vã filosofia, há algumas que, ao menos, atiçam nossa vã — e insistente — curiosidade. Para quem já recebeu o chamado da natureza em pleno voo, uma delas é saber qual o destino do produto do nosso alívio depois que apertamos a descarga lá em cima.
E como a criatividade humana pode ser tão vasta quanto os mistérios da vida, com a dúvida surgiram teorias das mais estapafúrdias. Como aquela, por exemplo, de que os aviões seriam como pombos gigantes soltando seus “descartes” sobre a cabeça de quem está aqui embaixo.
Vamos aos fatos.
Em resumo, o funcionamento é simples. Um sistema a vácuo puxa os descartes e um pouco de desinfetante é liberado na bacia para fazer a limpeza do vaso. O que foi puxado segue por um sistema de tubulação até um grande reservatório que, quando o avião pousa, é esvaziado por um caminhão de limpeza.
A curiosidade é que não há água no processo, uma vez que ela tornaria o avião muito pesado. Todo seu funcionamento depende da pressão do sistema a vácuo e da disposição dos canos. Essa engenharia, além de dispensar a água, ajuda a diminuir o odor, uma vez que fecha a passagem entre o lado de “fora” do vaso e o lado para onde vão os dejetos. O restante da limpeza fica a cargo do jato de desinfectante.
Esse empuxo forte de ar, aliás, é o culpado pela barulheira da descarga do avião. Essa potência — e pouca discrição — é causadora de outra curiosidade (ou medo) comum: é possível sermos “sugados” pela descarga? A reposta é não. A pressão do sistema de descarga é forte o suficiente para evacuar dejetos e eventuais objetos sólidos descartados no vaso, mas não para puxar um ser humano. Os testes, inclusive, são feitos considerando que o passageiro esteja sentado no vaso na hora de apertar o botão.
Por falar em objetos sólidos: o lugar deles é no lixo. Jogar qualquer objeto dentro do vaso do avião (ou de qualquer vaso, na verdade) pode causar o entupimento dos canos e aí o pior pode acontecer: o odor deve começar a sair e o banheiro pode ser até interditado.
Tudo isto posto, há um porém: sim, há uma chance do avião soltar os dejetos lá de cima. Em casos muuuuito raros, isto pode acontecer se houver um vazamento no tanque reservatório. Neste caso, uma mistura dos dejetos com desinfetante pode sair pela área exterior do avião e ficar congelada na sua carcaça — isto porque, pela altitude do vôo, a temperatura na parte externa do avião atinge marcas negativas. Por inúmeros motivos, como velocidade do avião ou choques térmicos, essa camada de gelo pode, sim, desprender-se e cair lá de cima. Mas como já foi dito, os casos são raríssimos.
Fonte: viagemeturismo
