O procurador de Justiça Agenor Dallagnol morreu, nesta quarta-feira, 11, aos 81 anos, em Curitiba. Ele é pai do ex-deputado federal e ex-procurador da , Deltan Dallagnol (Novo-PR).
Agenor deixa a mulher, Vilse, e dois filhos, Deltan e Édelis. Também é avô de três netos: Thomas, Luísa e Sofia. A família não informou a causa da morte.
Natural de Erechim, no , Agenor formou-se em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Começou a carreira como promotor de Justiça em Francisco Beltrão. Em nota, a família destacou sua atuação, marcada “por sua paixão pela Justiça e pelo compromisso inabalável com a sociedade”.
Segundo os familiares, Agenor sempre esteve cercado pelos que amava. O procurador “será lembrado por sua força, fé e dedicação à justiça e à família”, valores fundamentais em sua vida.
O velório de Agenor ocorrerá na Capela Vaticano, em , das 17h às 22h, com um culto em homenagem às 20h no mesmo local. prestou tributo ao pai nas redes sociais, ao recordar sua origem humilde e dedicação ao trabalho.
A família expressou gratidão pelas mensagens de apoio recebidas e pediu privacidade neste momento.
“Meu pai foi o menino mais velho de uma família pobre de imigrantes italianos, que se estabeleceu numa pequena propriedade rural no sudoeste do Paraná. Quebrando a cultura de que o primeiro filho significava força de trabalho na agricultura de subsistência, meu avô o enviou para estudar num seminário, em São Paulo. Fez faculdade de Direito na Universidade Federal do Paraná, concurso para promotor de Justiça e voltou ao “velho oeste” paranaense para enfrentar a criminalidade. Apaixonado pela Justiça, chegou a ir sozinho prender bandidos famosos quando a polícia se recusou a fazer.
Apaixonado pelo serviço à população, formavam-se longas filas pelas manhãs de pessoas que atendia para resolver discussões e problemas familiares. Apaixonado pela aventura da vida, caçou e pescou demais, num tempo e lugar em que ninguém via nada de errado nisso. Apaixonado pela família, sempre apoiou seus pais de perto, financiou estudos de irmãos e, mesmo amando a vida do interior, mudou-se para Curitiba para proporcionar o melhor estudo para nós, seus filhos.
Saiu da roça, mas a roça nunca saiu de dentro dele. Seguiu plantando, colhendo, pescando, até recentemente não ter mais forças nas pernas. Faleceu hoje, derrotado por doenças autoimunes combinadas com infeção. Perdeu a batalha, mas não a guerra. Seguirá vivendo, e vivendo eternamente, ao lado de Deus. Enquanto isso, ficam comigo as boas memórias, os conselhos e o seu exemplo. Ao enfrentar bandidos e atender a população humilde, foi para mim o exemplo do que quero ser no serviço público: corajoso e servo.
Quando me fazia deixar no chão o dinheiro que encontrava perdido na rua: “não é seu”, foi exemplo de honestidade. Quando me obrigava a concluir qualquer coisa que começasse, ensinava disciplina. Ao reclamar da minha nota nove, num boletim em que as outras notas eram todas dez, instilou excelência. Quando orava conosco, lia a Bíblia, mas, especialmente, vivia aquilo que pregava, foi um exemplo de fé. Ao me aconselhar a sair do Ministério Público para seguir lutando pelo que acredito, ele me deu asas e energia para voar.
Ao levar sempre os netos para pescar, colher frutas, fazer um churrasco sobre uma estrutura que ele improvisava na chácara da associação dos promotores, foi um baita avô. Quando sofria já dores intensas e não reclamava, foi um exemplo de resiliência – e todas as noites, dizia à minha mãe: “Obrigado por seus cuidados”. Quando ouvia que era amado, dizia: “Amo você mais” — um exemplo de esposo.
Perdoando quem lhe fez mal, entregando a injustiça sofrida a Deus, foi uma referência para mim de cristão. Dezenas de caixas de panetones estão acumuladas hoje na entrada da sua casa, separadas para um orfanato, como sempre fez nos Natais e em outras datas, deixando um legado de generosidade. Um grande filho, irmão, marido, pai, avô, profissional e cristão. Farei o meu melhor para que a essência do exemplo que me deu viva por meio da minha vida.”
Fonte: revistaoeste