O final do mês de novembro de 2024 foi tomado por duas reuniões mundiais ocorrendo simultaneamente, algo inusitado. Tratou-se da COP29, realizada em Baku, Azerbaijão (11 a 22) e da 19ª reunião do G20, sediada no Rio de Janeiro, Brasil (dias 18 e 19).
Das COPs climáticas, as tradicionais reuniões das partes sobre as discussões promovidas pela ONU, nós já sabemos se tratar de um grande carnaval fora de época, onde os países enviam delegações imensas aos lugares mais exóticos do mundo com a finalidade de fazerem propaganda, difundirem seus discursos vazios, mas especialmente para tratarem do embuste climático como um balcão de negócios. Garantem lucros ao conseguirem cercear cada vez mais as liberdades individuais e as forças produtivas dos países, disfarçando essa usurpação como “compromissos ambientais” em resolver um problema inexistente.
Contudo, os holofotes estavam devidamente dirigidos para o G20, deixando a COP29 na escuridão do esquecimento. A reunião que sempre teve por meta discutir assuntos pertinentes mais ao foco econômico e geopolítico mundial acabou por puxar a pauta ambiental, travestida de social, em sentido a sua brasa na churrasqueira das vaidades. Na verdade, apenas cumpriram os objetivos estabelecidos por Maurice Frederick Strong (1929-2015), o magnata canadense de energia, petróleo e mineração, na ocasião da reunião inicial “Rio-92”, em 1992, Brasil, quando determinava veementemente que as questões ambientais deveriam tomar o nível mais alto das pautas de todas as discussões em reuniões mundiais. O G20 também não escapou.
Poucos dias antes do início da reunião, circulou na imprensa que o diretor executivo da COP, Elnur Soltanov que ocupa o cargo de vice-ministro de Energia do Azerbaijão, teria sido “flagrado” negociando investimentos em petróleo e gás, como se isto fosse um crime em um país cuja exportação destes produtos representa 90%, especialmente porque a suposta negociação ocorreria com a empresa estatal do ramo.
Se isto não bastasse, a COP29 começou com a tradicional reclamação sobre quem preside a reunião. Desta vez foi Mukhtar Babayev, ministro da Ecologia do Azerbaijão, um veterano da indústria de petróleo e gás, o que não é muita novidade, quando estamos prestes a entrar em ritmo de COP. Por acaso esqueceram qual é a origem de Strong, o fundador deste programa ambiental via ONU?
Pior foi a reclamação de Michael Mann, o criador do fadado “Taco de Hóquei” (Hockey Stick), o gráfico que eleva as temperaturas contemporâneas sem motivo. Ele afirmou ser necessária a mudança de metodologia na escolha dos presidentes das COPs a fim de que se acabe com esse “padrão de corrupção”. É o sujo falando do mal lavado! Esqueceu-se de que seus algoritmos de computador fraudaram a elevação das temperaturas e que nunca quis apresentar ao juizado os seus dados, quando interpelado a favor de Tim Ball? Patético! Tira a trava de seu olho para falar do cisco do seu próximo!
Isto só nos revela, mais uma vez, a plena demagogia que tais eventos têm em oferecer. Esta situação é bastante típica nestas reuniões embusteiras, onde os maiores consumidores dos recursos naturais da Terra querem dizer para os países pobres que eles não podem se desenvolver utilizando energia barata e abundante. Mas, se assim o quiserem, terão que seguir uma agenda, muito mais cara, muito mais restritiva, mas claramente, muito mais perigosa para a sobrevivência humana e de suas economias. Mas é esse o plano. Esse é o propósito, especialmente quando a meta principal é atacar justamente as fontes de energia, algo primário para as melhores condições de vida das pessoas.
Quanto às reuniões, seria apenas coincidência de agendas, ou temos um esquemão por trás de tudo isto e o Brasil precisa ser o primeiro a sucumbir nesta panaceia toda? Primeiramente, tais reuniões são marcadas com muita antecedência e a escolha do Brasil para sediar o G20 já está atrelada à COP30 do ano que vem, em Belém, também no Brasil. Segundo, que o tema a ser discutido na COP29 é o mais espinhoso de todos, pois envolve a transferência de dinheiro dos países ricos para as nações subdesenvolvidas. Nenhum governante destes países quer assumir coisa alguma de transferência de dinheiro, especialmente com as suas dívidas internas saltando acima de suas cabeças.
A COP29 recente simplesmente retomou o assunto de 15 anos atrás, tratado na COP15 em Copenhague, Dinamarca, 2009. Na ocasião, havia um intenso forçamento para que linhas de financiamento para a “solução final” fossem estabelecidas em forma de lei internacional que pretendia forçar a submissão de todos os países. O evento foi frustrado, especialmente por causa do escândalo do “Climategate”, versão 1, quando então foram divulgados 20 anos de mensagens trocadas entre os “cientistas” climáticos, as quais envolviam manipulação de dados, truques de programação, além de claras intenções de assumirem o controle dos pareceres de todas as revistas científicas, impossibilitando a divulgação de pesquisas do contraditório, entre eles, destacaram-se Michael Mann e Phil Jones.
Com COP de um lado do mundo e G20 do outro, a divisão dos interesses foi rápida. O presidente da Argentina, Javier Milei foi o primeiro a retirar sua comitiva da reunião. O presidente da França, Emmanuel Macron, sequer apareceu e sua representante, a ministra da “Transição Ecológica”, Pannier-Runacher cancelou sua ida devido ao discurso acusatório proferido pelo presidente do Azerbaijão às nações ocidentais, logo na abertura do evento. Foi uma boa desculpa para fugir das cobranças. O restante começou a apenas cozinhar, pois ninguém ainda queria se comprometer em pagar coisa alguma. Este marasmo incentivou até a confecção de uma cartinha de ex-líderes da ONU pedindo empenho para financiamento de projetos de transição energética, uma verdadeira simpatia!
“Como relatamos, economia e geopolítica foram sublimadas pelos temas da fome e pobreza, clima e até mesmo vacinas”
Ricardo Felício
Enquanto isto, aqui no Brasil, o G20 assumiu as pautas do inferno, disfarçadas de sérias preocupações com a humanidade. Como relatamos, economia e geopolítica foram sublimadas pelos temas da fome e pobreza, clima e até mesmo vacinas, quando incentivaram as produções locais de “inoculantes”.
Este último ponto chega a ser surpreendente para o nosso país que teima em obrigar “vacinação” de crianças contra covid, quando no mundo inteiro isso foi abolido, não sendo sequer recomendado, além do que governos passaram a se desculpar pelos seus atos, processos judiciais estão em andamento, indenizações foram pagas e lesões e mortes foram relatadas aos milhares. Quanto ao tema climático, “assumiram” intenções, projetando alguns “consensos”, tão nebulosos quanto o mais intenso nevoeiro.
Claro que na COP29 reclamaram do que foi “prometido” no G20 sobre financiamento climático (para qualquer meteorologista sério, cada termo deste é mais patético que outro), classificando-o como insuficiente. Descontando o que aparenta um ciúme da COP29 em relação ao G20, tudo isto não passa de teatro, pois encerrada a reunião no Brasil, o fracasso financeiro da COP ainda prosseguia.
Quando então, a “Liga da Justiça Climática” se encarregou de voltar ao encontro, bem como diversas comitivas que vieram ao Brasil. Entre eles estavam Marina Silva, que expressa uma sabedoria cosmológica incrível de efeito “Tostines”, onde “incêndios florestais” causam “mudanças climáticas”, mas as “mudanças climáticas” causam mais “incêndios florestais” e Ed Miliband (do PT britânico), atualmente secretário para Segurança Energética e Balanço Zero, mas que no passado foi secretário de Energia e Mudança Climática. Suas falas são análogas as de um militante ambientalista de 5ª série, típico seguidor de Greta (tive o desprazer de assisti-lo há uns 15 anos para constatar o que afirmo).
Dessa turma ainda foram a alemã Annalena Baerbock (Ministério das Relações Exteriores, do PV alemão), a holandesa, supostamente “liberal” Sophie Hermans (vice-primeira-ministra e ministra da Política Climática e Crescimento Verde da Holanda) e Dion George, que ocupa o Ministério do Meio Ambiente, Florestas e Pesca da África do Sul. Este último se encarregou de levar os compromissos do G20 ao retornar à COP no Azerbaijão.
Embora todos os países tenham que trazer as suas metas determinadas de redução, conforme o infame Acordo de Paris, em menos de três dias de COP, o Brasil foi o segundo a entregá-las, mesmo sem a contrapartida de outros países. É o cabresto que destruirá o nosso país imposto de forma interna e bruta. Mas esse não é o nosso único problema. Para nós do Brasil, o câncer se alastrou. Na mesma semana que antecedia à COP29, o Senado fez o favor de aprovar o projeto de lei dos créditos de carbono que vão comprometer drasticamente, não só o nosso desenvolvimento, mas a permanência das atividades produtivas e de consumo.
Logo a seguir, em menos de uma semana, ainda durante a COP29, a Câmara dos Deputados aprovou, na calada da noite, o mesmo PL antes tramitado no Senado, sequer anunciando-o na pauta. Um verdadeiro recorde! O objetivo era que a Presidência o sancionasse até o final da COP29 para o Brasil poder bater a mão no peito em declarar ao mundo que voltamos ao protagonismo climático! Embora isto não tenha acontecido, certamente ocorrerá até o final do ano.
Enquanto isto, no encerramento da reunião, nós ainda tivemos que aguentar mais sábias palavras de Marina Silva, onde elogiava os compromissos de reduções determinadas, mas criticava o pagamento pelo mesmo, querendo que se forme uma outra espécie de “painel”. Além de mais burocracia internacional, acabou por deixar claro que faremos o “serviço ambiental-climático” sem sermos pagos. A isto damos o nome de escravidão, caso ela não saiba. De fato, o nível de estupidez de quem nos governa excede a própria altura da atmosfera terrestre, orbitando um espaço vazio mental!
Mas as coisas ruins ainda não acabaram. Chamamos a atenção para uma nova adaptação do discurso. A expressão que envolvia “gases de efeito-estufa” passou a ser substituída de forma acusatória como simplesmente “gases poluentes”. Nunca isto aconteceu antes, propagado por todas as mídias e internet com tanta veemência.
É a aplicação de outra estratégia conhecida para realizar um reforço apelativo. Veja que as metas de “desenvolvimento sustentável” colocaram a erradicação da pobreza como a vitrine que todos veem, de forma a esconder os embustes que a seguem. Assim, se você for contra as políticas absurdas para o problema inexistente do clima, significa que você é contra o primeiro, ou seja, “acabar com a pobreza”.
O mesmo vem agora. Se você disser que os gases elencados não provocam essa fraude de transformar a atmosfera da Terra em estufa, você é a favor que poluam tudo. Atentem a isto! Claro, não podemos nos esquecer da gastança dobrada de viagens. Muitas das delegações, inclusive a brasileira, foram à COP, foram ao G20 e voltaram para a COP. Tudo emitindo um monte de CO2 e gastando o seu dinheiro, pagador de impostos! Não é sensacional?
Mas, claro, é por um objetivo altruísta de salvar a humanidade. Afinal, não podemos esquecer que eles falam que os “compromissos do Brasil marcam um na luta contra a mudança do clima”, mesmo que as nossas emissões sejam de 1% do todo, isto bem chutado!
Fonte: revistaoeste