Com as asas abertas, o Skiphosoura bavarica tem dois metros de envergadura. O fóssil da nova espécie de pterossauro foi encontrado no sul da Alemanha em um bom estado de conservação. Especialistas afirmam que ele oferece informações valiosas sobre a evolução desses répteis voadores extintos.
Além de ser significativamente maior do que outros pterossauros já encontrados, o espécime exibe características exclusivas que ilustram etapas evolutivas até então desconhecidas. A característica mais marcante da nova espécie é sua cauda curta, rígida e semelhante a uma espada, que inspirou seu nome, que significa “cauda de espada da Baviera”.
O esqueleto do Skiphosoura foi encontrado quase completo, embora desarticulado. Além disso, ele está preservado em três dimensões, e não achatado, como vários fósseis da mesma idade costumam ser encontrados. A região em que ele foi descoberto, Solnhofen, é conhecida pelos finos depósitos de calcário que fazem dela o paraíso dos paleontólogos, com fósseis bem preservados e detalhados.
Foi lá também que foram encontrados os primeiros fósseis de dinossauros, há dois séculos. “Os pterossauros há muito tempo são símbolos da vida única do passado. O Skiphosoura representa uma nova e importante forma de trabalhar as relações evolutivas dos pterossauros e como essa linhagem surgiu e mudou”, disse, em comunicado, Adam Fitch, coautor do estudo publicado na revista Current Biology ontem (18).
Durante dois séculos, os cientistas dividiram os pterossauros em dois grupos principais: os mais antigos são os não-pterodactilóides, com cabeças curtas, caudas longas e estruturas específicas das asas e dos dedos dos pés. Depois viriam os pterodactilóides, com adaptações para o voo mais eficiente, como cabeças maiores e caudas mais curtas.
Na década de 2010, um pterossauro chamado Darwinopterus foi classificado como uma espécie intermediária, com características de transição entre os dois grupos. Segundo os pesquisadores, o Skiphosoura também faz parte dessa categoria, mas representa um passo crítico além do Darwinopterus.
Sua cabeça e pescoço se assemelham aos pterodactilóides mais avançados, enquanto o pulso, a cauda e o pé apresentam características de transição. Essas características ajudam a traçar as adaptações graduais que permitiram que os pterossauros, futuramente, atingissem tamanhos enormes.
Juntas, essas descobertas formam uma sequência evolutiva quase completa para os pterossauros, detalhando como sua anatomia mudou ao longo do tempo.
Ao contrário do que muitos pensam, os pterossauros não são dinossauros, e não podem ser chamados “dinossauros com asas”. Na árvore genealógica evolutiva, eles são primos próximos. Aliás, o apelido estaria incorreto até porque existem outros dinossauros alados – tecnicamente, todas as aves existentes hoje são dinossauros com asas.
“Esta é uma descoberta incrível”, disse David Hone, autor principal do estudo, no mesmo comunicado. “Ela realmente nos ajuda a entender como esses incríveis animais voadores viveram e evoluíram. Esperamos que este estudo inspire mais pesquisas sobre essa importante transição evolutiva.”
Fonte: abril