A equação abaixo foi rabiscada pelo astrônomo Frank Drake em 1961 (reza a lenda, num boteco), e depois apresentada em uma reunião com 11 cientistas interessados no tema da vida extraterrestre. Ela serve, pelo menos hipoteticamente, para calcular quantas civilizações inteligentes há na Via Láctea – o valor N.
Agora, a equação de Drake está de volta, mas com updates. Um grupo de astrofísicos liderados por Daniele Sorini da Universidade Durham propôs considerar uma nova variável: a taxa de expansão do Universo e a maneira como essa taxa interfere na formação de estrelas com planetas aptos à abrigar vida. O artigo está publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Sabe-se que o tecido do cosmos está se esticando em ritmo acelerado, e que isso é oferecimento de uma força misteriosa conhecida como energia escura. Ela equivale a dois terços do conteúdo total de massa e energia do Universo e age como uma espécie de anti-gravidade, que separa as coisas em vez de uni-las.
Se partirmos da hipótese de que o nosso Universo poderia ser de qualquer outro jeito, então é possível imaginar cosmos com diferentes densidades de energia escura. Alguns deles teriam condições gravitacionais ótimas para a formação de estrelas e planetas, outros teriam a energia escura forte ou fraca demais para permitir esse desfecho.
Partindo desse leque de cosmos possíveis, dá para estabelecer qual é a quantidade de energia escura ideal para que as nuvens de gás e poeira cósmica que flutuam por aí se tornem sistemas estelares. E assim, determinar se o Universo em que vivemos é o mais adequado para esse fim ou se ele poderia ser ainda mais bem-ajustado para viabilizar a emergência de bactérias, humanos e afins.
Conclusão? Dava para ser melhor.
“Os parâmetros que governam nosso Universo, incluindo a densidade de energia escura, poderiam explicar nossa existência”, disse Sorini em declaração à imprensa. “Surpreendente, porém, nós descobrimos que mesmo uma quantidade significativamente maior de densidade de energia escura ainda seria compatível com a vida, de modo que talvez não vivamos no mais provável dos universos.”
Em suma: mesmo em um cosmos assaz improvável, nossa espécie deu o ar da graça. É claro que nem a equação de Drake nem esse novo método dão resultados necessariamente realistas. Não temos como comprovar essas conclusões por meio de observações empíricas, o que é necessário em qualquer área da ciência.
Elas são mais uma muleta filosófica. Um jeito de nos ajudar a pensar sobre nossa própria existência, e quanto ela é (ou não) improvável.
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Fonte: abril