Sophia @princesinhamt
Música

Pro-Música Brasil envia carta ao Senado sobre proteção de direitos autorais diante do avanço da inteligência artificial

2024 word2
Grupo do Whatsapp Cuiabá

Na linha de frente contra os impactos negativos da Inteligência Artificial no que é relativo aos direitos autorais de criadores, a Pró-Música Brasil, iniciativa privada que representa as principais gravadoras do mercado fonográfico do país, entregou, nesta terça-feira (12), uma nova carta de recomendações ao Senado Federal. O documento, que solicita a implementação de medidas legislativas que assegurem a valorização e preservação dos direitos dos artistas e criadores, representa a soma de várias entidades do setor de economia criativa que lutam pelo mesmo objetivo. Leia a carta na íntegra!

2024 word2

Foto: Divulgação

O documento em questão destaca o crescente e acelerado avanço da Inteligência Artificial e a aplicação de seus mecanismos no que tange a produção em diversas áreas, incluindo a música. A proposta, em suas diretrizes, elenca prejuízos de diversas naturezas que artistas, compositores, criadores de conteúdo, jornalistas e outros profissionais podem sofrer com a exposição e uso não regulamentado dos seus respectivos trabalhos à IA.

O tema já está atualmente em trâmite legal, dado o contexto do Projeto de Lei 2338/2023, que se encontra em análise na Comissão Temporária Interna sobre Inteligência Artificial. Uma vez reiniciadas as discussões no Senado Federal sobre a regulação da Inteligência Artificial no Brasil, os setores musical, audiovisual, editorial, jornalístico e de dramaturgia, a exemplo do que fizeram no último mês de abril, apresentaram a carta ao relator da Comissão da Inteligência Artificial, o Senador Eduardo Gomes (PL/TO).

O dispositivo reitera a importância da manutenção no texto do PL no que se refere às garantias e direitos dos criadores, artistas e produtores de conteúdos intelectuais e em especial aqueles protegidos por direitos autorais e conexos. As entidades foram representadas por Paulo Rosa, Presidente da Pro-Música Brasil, e Sanches, Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) e Presidente da Comissão de Direitos Autorais da OAB Nacional.

“A defesa dos direitos autorais é crucial em um momento em que a Inteligência Artificial avança de maneira acelerada. Precisamos garantir que os artistas, produtores e criadores brasileiros tenham seus direitos preservados e valorizados frente às novas tecnologias que impactam diretamente a criação e a distribuição de conteúdo”, afirma Paulo Rosa, presidente da Pro-Música Brasil.

A carta se trata de uma parceria entre a Pro-Música Brasil e entidades como o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a União Brasileira de Compositores (UBC).

Leia o documento na íntegra!

“Brasília, 12 de novembro de 2024.

Exmo. Sr. Senador Eduardo Gomes Ref. PL 2338/2023

Diante da iminente apresentação de novo substitutivo do PL nº 2338/2023 na Comissão Temporária sobre Inteligência Artificial, as entidades que assinam a carta, representantes dos setores Musical, Audiovisual, Editorial, Dramaturgo e Jornalístico, bem como entidades de representação de classe como o Instituto dos Advogados Brasileiros e a Comissão Federal de Direitos Autorais do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, vêm manifestar e reiterar a importância de que o novo substitutivo verse sobre o conteúdo protegido por direito autoral e a necessária preservação dos direitos intelectuais de milhares de criadores e intérpretes de obras artísticas, obras intelectuais, jornalísticas e produções protegidas, diante dos sistemas de inteligência artificial generativa.

A proteção de obras e produções tem sido um dos pilares nas normas internacionais de que tratam a matéria, valendo ressaltar o Ato Europeu da Inteligência Artificial, recentemente aprovado por toda a comunidade europeia, e as demais normas aprovadas na comunidade europeia envolvendo o funcionamento das plataformas digitais.

Mais uma vez, ressaltamos que as obras artísticas, literárias e produções são os principais ativos dos sistemas de inteligência artificial generativa, que, sobretudo, dependem das criações do gênio para seus desenvolvimentos. Assim, é imperiosa a necessidade de que os titulares de direitos autorais (i) tenham conhecimento do uso de suas obras, que deverão ser identificadas e informadas aos seus detentores pelos sistemas de inteligência artificial generativa; (ii) tenham a liberdade de proibir a utilização dos conteúdos de sua titularidade na mineração, treinamento e desenvolvimento de sistemas da inteligência artificial, e (iii) que eventuais limitações e exceções propostas fiquem restritas às entidades de pesquisa, jornalismo, museus, arquivos, bibliotecas e educacionais, desde que sem fins comerciais, observando-se os princípios da necessidade e segurança, o direito à privacidade e não prejudique os interesses econômicos dos titulares.

O Brasil tem o dever de alcançar um marco regulatório relativo à inteligência artificial, que proteja a sociedade e preserve os direitos autorais constitucionalmente assegurados aos criadores e suas obras artísticas. O substitutivo apresentado logrou conciliar interesses básicos de distintos setores da sociedade e recebe o apoio das entidades signatárias, que continuarão buscando o aprimoramento da regulamentação em favor dos titulares de obras protegidas.

A aprovação do substitutivo que garanta a plena proteção aos direitos autorais, nos termos acima, será um importante e necessário marco para proteção aos direitos de criadores e produtores de conteúdos artísticos, intelectuais e jornalísticos no desenvolvimento, treinamento e oferta de sistemas de inteligência artificial.

Permanecemos à disposição de V.Exa. e renovamos nossos protestos de elevada estima e consideração.

Atenciosamente,

Firmado por Sydney Sanches, Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) e Presidente da Comissão de Direitos Autorais da OAB Nacional.

Firmado por Paulo Rosa, Presidente da Pro-Música Brasil, ambos em representação das entidades cujas logomarcas constam da presente.”

Fonte: portalpopline

Sobre o autor

Avatar de Redação

Redação

Estamos empenhados em estabelecer uma comunidade ativa e solidária que possa impulsionar mudanças positivas na sociedade.