Os “grandes modelos de linguagem”, como o ChatGPT, são tecnologicamente impressionantes – mas têm aplicações práticas menores do que o hype em torno da IA tenta fazer crer. As ferramentas de inteligência artificial só transformarão as empresas, e a sociedade, quando/se forem capazes de executar tarefas que hoje são feitas por trabalhadores humanos.
Google, Microsoft e outras gigantes da tecnologia estão tentando desenvolver bots capazes disso. Mas o primeiro passo concreto coube à Anthropic, uma startup formada por dissidentes da Open AI. Ela apresentou uma nova versão do seu algoritmo, o Claude, que observa as ações do usuário no PC – e se torna capaz de operar o computador sozinho, automatizando tarefas.
Veja um exemplo na demonstração acima. O usuário digita um prompt: “Por favor preencha o formulário para a ‘Ant Equipment Co.’, usando dados da planilha de fornecedores ou procure nas abas abertas na janela 1. Liste e verifique cada um dos campos conforme você preenche o formulário na janela 2”.
A IA entende as ordens e começa a trabalhar, descrevendo o que está fazendo. Primeiro, ela consulta a planilha e usa uma ferramenta de busca, que está aberta no navegador, para encontrar os dados da tal Ant Equipment Co. Quando encontra, começa a copiar e colar os dados para o formulário.
A tarefa pode parecer bobinha, e é mesmo, mas não para um computador: a transferência ou fusão de dados entre plataformas diferentes é um problema real, que as empresas costumam resolver desenvolvendo softwares específicos para isso ou colocando funcionários para fazer tudo manualmente.
Com a IA, nada disso seria necessário. A demo corre meio lentamente, mas isso é só para facilitar a visualização – na prática, o robô poderia copiar e colar muito mais dados a cada segundo, superando exponencialmente a velocidade de um trabalhador humano.
Segundo a Anthropic, o recurso está disponível no Claude 3.5 Sonnet, que já está no ar e aberto para todos os usuários (inclusive no plano gratuito). Mas há um porém: a função computer use (beta) só pode ser acessada por meio da interface de programação (API) do Claude.
Isso significa que ela está liberada mas, na prática, só para desenvolvedores de software, por enquanto. Há razões para isso, inclusive de segurança. Nas instruções de uso do recurso, a Anthropic recomenda usar “uma máquina virtual dedicada, ou contêiner com privilégios mínimos”.
Ou seja, não permitir que a IA tenha acesso direto ao sistema operacional do computador. O motivo, segundo a empresa, é “prevenir acidentes ou ataques diretos ao sistema”.
Fonte: abril