O governo de Vladimir Putin adotou um tom de cautela sobre a vitória de Donald Trump na eleição dos Estados Unidos, que refletiram as dúvidas atuais em Moscou acerca da real intenção do republicano quando diz que vai acabar com a guerra da Ucrânia. A é do jornal Folha de S.Paulo.
“Não vamos nos esquecer de que estamos falando de um país hostil que está envolvido, direta e indiretamente, numa guerra contra nosso Estado”, afirmou o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov.
“Nós falamos repetidamente que os EUA são capazes de contribuir para o fim do conflito. Isso não pode ser feito do dia para a noite [como diz Trump], mas os EUA são capazes de mudar a trajetória de sua política externa”, acrescentou. “Se isso vai ocorrer e como, nós vamos ver [depois da posse de Trump] em janeiro.”
Em conversas com pessoas ligadas ao Kremlin na Rússia, nas últimas semanas, a Folha notou uma torcida comedida por Trump. Os democratas Joe Biden e Kamala Harris, afinal, apostaram suas fichas em Kiev no conflito iniciado por Putin em 2022.
Por outro lado, são vistos como adversários previsíveis, o que não faz mal num jogo que no limite envolve milhares de ogivas nucleares de cada lado. Com Trump, amplamente descrito como um admirador da política de Putin, o cenário fica nebuloso.
Trump quer concessões de Kiev
O republicano sugere que quer ver uma paz que envolva concessões de Kiev, algo que Volodymyr Zelensky não aceita, mas não é tão claro sobre o que espera de Putin.
O presidente russo tem avançado naquilo que a Ucrânia descreve como a maior ofensiva desde a invasão, focando a tomada dos 40% que não controla de Donetsk, no leste do país. O ritmo tende a aumentar, segundo o jornal, e a gestão agônica de Biden terá pouco a fazer se quiser evitar um confronto mais direto com Moscou.
As relações entre EUA e Rússia, rivais desde os tempos da Guerra Fria, estão no pior momento histórico desde que a União Soviética se esfacelou, em 1991. Peskov afirmou que Trump “fez algumas declarações importantes” sobre a guerra na Ucrânia, mas condicionou uma avaliação à realidade.
Fonte: revistaoeste