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Aliado à extrema-direita, Netanyahu volta ao cargo de premiê de Israel

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O primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid, ligou para Benjamin Netanyahu para parabenizá-lo pela vitória nas eleições do país, pouco menos de 48 horas após o encerramento da votação, anunciou o gabinete nesta quinta-feira, 3.

Com 99,5% dos votos apurados, as projeções apontam que Netanyahu e partidos aliados terão 64 dos 120 assentos no Knesset, parlamento israelense, sendo 31 para o seu partido, o Likud, 19 para partidos ultraortodoxos e um recorde de 14 para o Sionismo Religioso, de extrema direita. Completam as cadeiras o partido de Lapid, que deve ficar com 51, e a legenda árabe Hadash/Taal, com cinco. 

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Após a quarta eleição nos últimos cinco anos, Netanyahu já negocia uma coalizão com o Sionismo Religioso, o que pode resultar na criação do governo mais à direita da história de Israel e trazer uma relativa estabilidade política pela primeira vez desde 2019. 

O forte crescimento da direita radical está diretamente relacionado ao sentimento de insegurança que assolou o país devido a uma série de conflitos violentos com a Palestina, ocorridos em maio de 2021. Esse sentimento se fortaleceu ainda mais após a inclusão de um partido árabe no Parlamento pela primeira vez na história. 

Com a confirmação da vitória, o presidente de Israel tem até 16 de novembro para encarregar o novo primeiro-ministro de formar um novo governo e, caso as negociações sejam bem sucedidas, Netanyahu confirma sua volta ao poder pouco mais de um ano depois de ser afastado do cargo. 

Julgado por acusações de corrupção, ele afirma que não usará sua autoridade para reverter esse processo. No entanto, alguns de seus parceiros disseram que vão tentar legalizar um dos crimes que ele é acusado de cometer, ou mesmo para encerrar o julgamento por completo.

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Apesar de ter sido a principal figura do governo israelense ao longo dos últimos anos, a sua decisão de se aliar à extrema-direita leva Israel para um caminho ainda desconhecido. Um dos objetivos dos novos aliados é enfraquecer e reformar o sistema de Justiça do país, dando aos políticos mais controle sobre as nomeações judiciais e afrouxando a supervisão do processo parlamentar pela Suprema Corte.

Outro fator que gera preocupação é a opinião dos políticos de extrema-direita em relação aos árabes. Eles querem acabar com a autonomia palestina em partes da Cisjordânia ocupada e têm um histórico de antagonizar a minoria palestina dentro de Israel, que levantou temores de que o novo governo possa aumentar ainda mais as tensões entre judeus e árabes em Israel.

Esses fatores levam a um provável problema também na política externa, uma vez que alguns aliados internacionais apoiam a solução de dois Estados para acabar com os conflitos históricos na região. Desse modo, apaziguar políticos linha-dura em seu território e, ao mesmo tempo, lidar com parceiros globais pode ser um caminho difícil para o novo primeiro-ministro. 

Mesmo os Estados Unidos, aliado fundamental de Israel, já deixaram claro, por meio de seu Departamento de Estado, que o presidente Joe Biden não está satisfeito com os prováveis membros da coalizão.

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“Esperamos que todos os funcionários do governo israelense continuem compartilhando os valores de uma sociedade aberta e democrática, incluindo tolerância e respeito por todos na sociedade civil, particularmente por grupos minoritários”, disse o porta-voz do departamento, Ned Price, quando questionado sobre a eleição na quarta-feira 2.

A votação da última terça-feira atraiu o maior número de eleitores desde 2015. De acordo com o Comitê Eleitoral, mais de 71% dos israelenses compareceram à votação. No entanto, a participação entre a comunidade árabe-israelense, de tendência anti-Netanyahu, foi inferior a 45%, segundo a Universidade Hebraica. 

Fonte: Veja

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