Quando se fala de meio acadêmico, leva-se em conta as evidências de que os professores universitários de instituições públicas têm uma tendência à esquerda. Apesar de ser difícil comprová-la por meio de números objetivos, há uma forma de mensurar a preferência política deles. O Partido dos Trabalhadores (PT), por exemplo, foi a sigla que mais recebeu doações desse grupo de pessoas em 2022.
O jornal Gazeta do Povo divulgou números, baseados em informações do Tribunal Superior Eleitoral () e do Portal da Transparência, que comprovam essa tendência. Entre os 54,3 mil professores listados no Portal da Transparência, 477 realizaram doações eleitorais, o que representa cerca de 0,9% do total.
Destes, 19 eram candidatos que doaram para suas próprias campanhas. O PT liderou com R$ 467,3 mil em doações. O Partido Socialista Brasileiro (PSB) ficou em segundo lugar, com R$ 350 mil. A Rede Sustentabilidade, por sua vez, com R$ 209,1 mil.
Os professores que fizeram as doações ao PT, no entanto, não sabiam que enfrentariam dificuldades financeiras depois de Lula tomar posse em seu 3º mandato.
Em agosto, por exemplo, . À época, o Ministério da Educação, chefiado pelo petista Camilo Santana, apenas informou que estava atendendo à programação orçamentária do governo.
Os partidos de esquerda receberam mais de 70% das doações dos professores. Partidos de centro ficaram com 15,8% e partidos de direita arrecadaram 14,2%. Quando excluídos os professores candidatos, a distribuição das doações ficou em 59,6% para a esquerda, 30,7% para o centro e 9,8% para a direita.
Nas ciências exatas, biológicas e da saúde, a distribuição das doações foi mais equilibrada, com 36% para a direita, 33,7% para o centro e 30,3% para a esquerda. Entretanto, a presença do candidato Aloísio Antonio Gomes de Matos Brasil (União Brasil-CE), que sozinho doou R$ 91,5 mil à sua própria campanha, influenciou significativamente esses números.
Nas ciências humanas e sociais, a situação foi diferente: 73% das doações foram para partidos de esquerda, 21% para partidos de centro e apenas 5,1% para a direita.
Quando excluídos os professores que doaram para suas próprias campanhas, as porcentagens ficaram em 62,6% para a esquerda, 29,9% para o centro e 7,5% para a direita.
Além do valor total doado, a análise também considerou o número de doadores. O Partido Liberal (PL) recebeu doações de 130 professores, mas 107 dessas contribuições foram de R$ 1 ou menos. Segundo a Gazeta do Povo, isso se trata de uma estratégia de opositores para sobrecarregar a prestação de contas da campanha de Jair Bolsonaro (PL).
O professor Ney Rômulo de Oliveira Paula, da Universidade Federal do Piauí, afirmou à Gazeta do Povo que a predominância da esquerda nas universidades é maior do que sugerem as doações.
“Hoje, pelo que eu vejo no cenário nacional, os professores liberais ou conservadores nas instituições de ensino superior federais são cerca de 10%”, afirmou o professor.
Anamaria Camargo, diretora do Instituto Livres para Escolher, sugere que há um engajamento proporcionalmente maior da direita, apesar de ser em menor número.
“As doações da esquerda são cinco vezes maiores que as de direita”, analisou Anamaria. “Mas quão mais numerosos são os professores de esquerda? Não sabemos.”
Cesar Gordon, professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), comenta a politização das universidades, um fenômeno que ele considera relativamente recente.
De acordo com ele, muitos professores ainda acreditam em uma abordagem mais técnica e objetiva, mas frequentemente permanecem em silêncio em virtude da pressão política.
As doações eleitorais refletem o viés político dos professores mais ativos. Contudo, é importante notar que apenas uma pequena fração deste grupo se envolve financeiramente nas campanhas.
Fonte: revistaoeste