Morros imponentes, mata fechada, paredões íngremes, trilhas quase verticais e muita paz. A Cachoeira do Rio do Peixe, localizada em Rio Negro, a 168 km de Campo Grande, é uma opção de lazer muito desejada pelos sul-mato-grossenses, mas está quase seca.
A situação atual de um dos símbolos da cidade, conhecida como Portal do Pantanal, surpreendeu a bioespeleóloga Aléxia Murgi, que visitou o local nesta sexta-feira (4).
Murgi contou que foi até lá para mostrar a paisagem a um amigo e ficou devastada com o que encontrou.
Segundo a bioespeleóloga, a seca da cachoeira foi causada, principalmente, pelas mudanças climáticas e pela falta de chuvas em Mato Grosso do Sul.
Além da alteração drástica na paisagem, a falta de água na cachoeira também afeta os animais e o agronegócio, explica Aléxia.
“Do ponto de vista biológico, a água estava parada, sem o fluxo de antes. Com isso, a água perde oxigênio e os peixes morrem.”
Ela detalha que o Rio do Peixe é uma referência para os animais se hidratarem e, com a estiagem, eles vão procurar ainda mais a água do local.
No entanto, o contato com a água parada aumenta o risco de contaminações e zoonoses.
O cenário também preocupa os moradores da região. O grupo “Amigos do Rio Negro”, uma organização sem fins lucrativos que trabalha pela preservação e limpeza do local, está lutando para que essa situação não se repita.
“A escassez começou há alguns anos, e essa é a segunda vez que a cachoeira fica completamente seca. Gera muita tristeza”, relatou um dos membros do grupo, que preferiu não se identificar.
Aventura para chegar na cachoeira do Rio do Peixe
A Cachoeira do Rio do Peixe fica a menos de 20 km de Rio Negro e também é conhecida como cachoeira de Fala Verdade. A 150 metros, está a MS-340, estrada que, mais adiante, passa pelo distrito de Fala Verdade.
O acesso à queda d’água é livre, apesar de estar em uma propriedade particular. A família do senhor João, que mora ao lado da entrada, explica pacientemente aos visitantes que todos podem contemplar o lugar à vontade e orienta sobre a melhor forma de explorar a área.
Seguindo as orientações, chega-se à água que despenca de um paredão rochoso de quase 70 metros. A aproximação é lenta e cuidadosa, para evitar surpresas e vertigens.
A descida pode ser feita por rapel ou pelo único caminho disponível, à esquerda do morro, entre pedras e vegetação nativa. Os primeiros 50 metros são tranquilos, mas o cenário muda aos poucos.
De repente, a mata se fecha, a umidade aumenta, causando uma sensação térmica muito superior à temperatura registrada.
As rochas usadas como degraus ficam mais altas e escorregadias à medida que se aproxima do leito do córrego.
Ao chegar à parte inferior, é preciso atravessar o rio caminhando sobre pedras. Após descer o paredão, essa é a parte mais tensa da aventura.
É necessário tatear as pedras, e, ao alcançar a outra margem, percebe-se que a força da água não é tão intensa como parece.
Após mais 100 metros de caminhada, chega-se aos pés da cachoeira. A superação dos obstáculos, além de ser uma excelente atividade física, proporciona uma recompensa incrível.
Apesar de encantador, é importante destacar que o local não possui água encanada, energia elétrica ou comércios. Não há infraestrutura para acampamento ou refeições.
Portanto, é essencial estar bem preparado, levar água e alimentos suficientes para poder relaxar e aproveitar o passeio sem preocupações.
Fonte: primeirapagina