Há cem anos, no dia 15 de agosto de 1924, nascia em Bela Vista, cidade a 313 km de Campo Grande, Ueze Elias Zahran. Visionário, o sul-mato-grossense que sempre teve um olhar apurado para o empreendedorismo, também tinha a sensibilidade de entender o próximo e, principalmente, garantir oportunidades a quem mais precisa.
Assim nasceu, em 1999, em meio aos negócios, a Fundação Ueze Zahran, uma instituição sem fins lucrativos voltada a promover e apoiar projetos educacionais, culturais, ambientais, entre outros, com objetivo de minimizar as desigualdades sociais.
Ao lado de sua esposa, Lucila, Ueze deu início as atividades que há 25 anos transformam pessoas em protagonistas de suas próprias histórias.
Foi assim com a informática, com o programa da alfabetização e tem sido até hoje com projetos culturais que estão ganhando cada vez mais notoriedade.
É o caso da Orquestra Indígena de Campo Grande, a primeira do Brasil. O projeto tem ganhado tanta força, que está de malas prontas para uma turnê na Europa, em 2025.
“Serão cerca de 10 apresentações, a partir da segunda quinzena de agosto, em Portugal, na Ilha da Madeira, Lisboa e Barcelona”, explica Jardel Tartari, de 38 anos, coordenador das ações culturais da Fundação.
Ao todo, 20 pessoas devem participar da turnê, profissionais que levam no peito e no instrumento, o amor adquirido pela música e repassado por pessoas que mantém vivo o desejo de Seo Ueze.
“Ele me traz uma imagem de um desbravador, uma pessoa que abriu portas, caminhos, não só de forma econômica, mas num campo geral. Ele dava oportunidade para as pessoas, era um desbravador humano”
Atualmente, mais de 350 alunos estão na ativa, recebendo atendimento pelas ações culturais atendidas pela Fundação Ueze Zahran. “E o objetivo é ampliar cada vez mais, atender pessoas de comunidades carentes, apoiar outras instituições”, ressalta
Fundação Ueze Zahran – apresentação
Na noite de quarta-feira (14), véspera do centenário do empresário Ueze Elias Zahran, a Orquestra Indígena de Campo Grande se apresentou no Palácio Popular de Cultura, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, na presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e do secretário-geral da presidência, Márcio Macedo, além de autoridades locais.
Veja um trecho da apresentação:
Celineia Arruda da Silva, de 19 anos, participou da apresentação. Anos atrás, ela teve a oportunidade de tocar para o empresário.
“Teve uma vez que ele assistiu a nossa apresentação. Ele pegou a gente, deu um abraço, falou que a gente tava indo no caminho certo, que era a coisa certa para o nosso futuro”.
Celineia Arruda da Silva, integrante da orquestra
Anos depois, o sentimento é de gratidão. “Pra mim é muito gratificante estar na orquestra. A gente aprende muita coisa, sabe um pouquinho de música clássica e, além de a gente tocar uma música regional do Mato Grosso do Sul, a gente apresenta também a nossa cultura, a cultura indígena, que nos representa”.
A orquestra
Jardel é professor de música e faz parte da ONG Viver Bem desde o início, em 2008. No ano de 2011, Ueze passou a apoiar a orquestra que atendia no bairro Nova Lima.
“Ele ficou muito emocionado, deu presente para todas as crianças e, desde então, o projeto passou a fazer parte da Fundação”, detalhou Jardel.
Em 2016, o projeto social de ensino musical desenvolvido pela Fundação Ueze Zahran deu fruto: a primeira orquestra indígena do país, na Aldeia Urbana Darcy Ribeiro, em Campo Grande.
O grupo tem o objetivo de resgatar e cultuar músicas do cancioneiro brasileiro, do Pantanal sul-mato-grossense e tradicional indígena.
Em 2023, o projeto chegou à Aldeia Marçal de Souza e também à comunidade Tia Eva.
“Pra mim é uma grande felicidade poder trabalhar, manter viva a imagem dele com essas ações na área da cultura, do social, poder levar coisas que muitas vezes as pessoas não teriam acesso”.
Fonte: primeirapagina