A possível fusão entre os partidos União Brasil e o Progressistas (PP) é um assunto que precisa ser amplamente debatido. Esta é a posição do senador Jayme Campos (União), que até hoje tem restrições à fusão ocorrida entre o DEM e o PSL, que originou o União.
“Eu acho que tem que ter uma discussão bem ampla, é óbvio e evidente que eu imagino que não vão fazer de goela abaixo. É aquela velha história, os incomodados que se mudem. Se essa fusão não for feita eventualmente de uma maneira que certamente possa contemplar todos os deputados e senadores, alguém vai ter que sair”, analisou o senador, em conversa com jornalistas.
Quando as conversas começaram, a nova legenda incluindo os três partidos teria na presidência Luciano Bivar, ex-comandante do PSL, o vice-presidente seria ACM Neto, ex-presidente do DEM, e a Secretaria-Geral ficaria com Ciro Nogueira (PP-PI), representando o PP. Porém a negociação não deu certo e acabaram se unindo o DEM e o PSL e a nova legenda, o União Brasil, acabou sendo aprovada em fevereiro deste ano pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No mês de julho, as conversas para a fusão do União Brasil e o PP foram retomadas tendo à frente o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP, e o vice-presidente do União, Antônio de Rueda. O presidente da Câmara, Arthur Lira, do PP de Alagoas, também é um dos líderes dos partidos que acompanham as negociações. Após o segundo turno das eleições, em 2 de outubro, as conversas avançaram para que a fusão se concretize, o que formaria a maior bancada do Congresso Nacional, com 106 deputados federais e 15 senadores, dos quais, 59 deputados e nove senadores do União, e 47 deputados e seis senadores do PP.
Apesar de toda essa movimentação em torno da fusão – os partidos até já procuraram um escritório de Direito Eleitoral para conduzir o processo -, o senador Jayme Campos se mostra cauteloso, e quer uma ampla discussão.
“Eu sou contra essa possível fusão, desde que não seja debatido e mostrar quais são os prós e contras. É aquela velha história, quem não estiver satisfeito…”, diz Jayme Campos, sugerindo que quem não estiver de acordo, pode sair da agremiação. “De qualquer forma, acho que é um assunto que tem que ser bem debatido, bem discutido a partir do ano que vem”.
Jayme lembrou que a fusão entre o DEM e o PSL, que originou o atual União Brasil, não foi suficientemente debatida em seu entendimento. E o mesmo pode ocorrer agora.
“Eu, particularmente, quero ver qual vai ser a formatação. Eu tenho essa tese porque essa fusão que houve lá atrás, entre o DEM e PSL, foi uma tragédia, foi muito ruim, porque não houve, com certeza, um diálogo, um entendimento. Teria que ter uma discussão bem mais ampla”, avaliou.
O senador disse, ainda, que acredita que a fusão entre o DEM e o PSL, serviu para atender alguns interesses, isolados e pontuais, de alguns companheiros do antigo Democratas e que também se levou em conta o valor do fundo partidário que aumentou com a fusão.
“Essa fusão, na minha visão, particularmente, não foi a fusão esperada. Como todos nós tínhamos a sensação de que poderia ser uma fusão melhor em número de eleitos pelo partido. Eu, particularmente, não fiquei satisfeito com essa fusão [do DM e PSL]”, afirmou.
De qualquer forma, a diminuição de partidos no Brasil, com a fusão de legendas, é algo que deve ser feito, na opinião de Jayme Campos. Nesse sentido, ele acredita que a Cláusula de Barreira (lei à qual os partidos para sobreviverem precisam ter um número mínimo de votos no Congresso), foi um grande avanço, porque vai diminuir o número de legendas, acabando com os “nanicos”, e as chamadas “legendas de aluguel”.
“Nós temos que ter no Brasil o máximo de dez partidos, vários partidos se transformaram em balcão de negócios. Nós temos que tomar medidas rápidas no Congresso Nacional, aprovar a reforma tributária, a reforma política. O próprio fundo partidário, literalmente sou contra essa transferência de mais de R$ 5 bilhões para o fundo partidário. Acho um absurdo, dinheiro de impostos que a sociedade paga, dada para candidatos que muitas vezes não fazem bom uso desses recursos, que é transferido do suor dos brasileiros e esse pessoal muitas vezes tira proveito próprio”.
E é justamente o fundo partidário outro interesse da futura agremiação, caso se concretize a fusão do União Brasil e o PP. Neste ano, coube ao União mais de R$ 782 milhões. Já o PP, tem direito a R$ 344 milhões. Juntos, os dois partidores superariam a cifra de R$ 1 bilhão, dinheiro proveniente de recursos públicos.
Fonte: esportesenoticias