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Ciência & Saúde

Estudo revela que borboletas utilizam eletricidade estática para atrair pólen de flores

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Borboletas e mariposas são capazes de carregar pólen de flores sem nem mesmo tocar nele, por meio de eletricidade estática. Essa é a descoberta de um novo estudo feito na Universidade de Bristol e publicado no Journal of the Royal Society Interface, que muda o que se sabia sobre a capacidade polinizadora desses animais.

Já era fato conhecido que a maioria dos animais voadores consegue acumular uma carga de eletricidade estática ao voar, mas os estudos anteriores eram principalmente sobre espécies de abelhas e pássaros.

Essa carência de dados foi um dos motivadores do estudo – o outro foi a sugestão, em algumas pesquisas, de que borboletas e mariposas podem não ser boas polinizadoras. Com o levantamento de informações sobre a carga de eletricidade estática, essa hipótese poderia ser contestada.

Para realizar o estudo, os cientistas montaram um eletrodo em anel – um círculo de cobre com cerca de 100 milímetros de diâmetro que pode medir pequenas variações em um campo elétrico.

Em seguida, fizeram as borboletas e mariposas voarem através dele. 269 indivíduos de 11 espécies, representando os cinco continentes, foram testados – todos apresentaram carga positiva.

O que acontece é que, quando esses insetos voam, a fricção entre seu corpo e o ar faz com que fiquem com uma carga positiva. O pólen tem carga negativa, de modo que, quando os insetos se aproximam, as partículas são atraídas para o corpo do animal e “pulam” para lá, mesmo que não haja contato físico direto. Com isso, as borboletas podem carregar o pólen para outra planta.

Os resultados obtidos demonstraram que a carga típica em um inseto é capaz de puxar grãos de pólen por entre uma distância de 6 milímetros. Outra descoberta foi que os insetos maiores acumulam mais carga, portanto são capazes de atrair mais pólen. 

Espécies nativas de climas temperados também mostraram maior propensão a acumular carga do que as de habitats tropicais. Um dos autores do estudo, o biólogo Sam England, especula que talvez a carga elétrica possa tornar os insetos mais visíveis a predadores, que são mais numerosos nos trópicos. Insetos noturnos também apresentaram menor carga, o que pode ter a ver com a maior predação à noite.

É claro que este estudo, sozinho, ainda é insuficiente para tirar muitas conclusões. Ele não contempla como o pólen seria solto do corpo do animal ao chegar a uma nova flor, por exemplo. E há mais de 100 mil espécies de borboletas e mariposas em todo o mundo, de modo que 11 é uma amostragem muito baixa. 

Porém, o estudo serve para deixar explícita a importância dessas espécies como animais polinizadores. “Eles não precisam nem mesmo tocar as flores para conseguir polinizá-las”, afirma England. “Isso os torna muito bons em seu trabalho como polinizadores e ressalta o quão importantes eles podem ser no funcionamento de nossos ecossistemas florais”, declarou.

De um ponto de vista prático, a descoberta também tem vantagens, pois abre espaço para a criação de tecnologias que ampliem essas cargas tanto nos insetos como no pólen, de modo a aumentar a polinização em ambientes naturais ou voltados à agricultura.

Fonte: abril

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