A organização internacional afirmou que as eleições da Venezuela, que elegeram o ditador Nicolás Maduro ao seu terceiro mandato, não cumpriram os padrões internacionais de integridade. De acordo com a entidade, que atuou como observadora do processo eleitoral no país, o pleito não pode, portanto, ser considerado democrático.
Nesta terça-feira, 30, a instituição norte-americana sem fins lucrativos disse em comunicado que não não pode corroborar com o resultado eleitoral venezuelano. O Carter já observou 124 eleições em 43 países e afirma que sua busca é “um processo eleitoral imparcial, independente e transparente”.
O órgão criticou a falta de transparência dos resultados por seção eleitoral. Também declarou que não pôde verificar os votos divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que atua sob o comando da ditadura de Maduro.
O Carter, que atua em 80 países na resolução de conflitos e nos avanços da democracia, anunciou que ainda vai publicar um relatório final da sua missão na Venezuela. Mas já adiantou um panorama do cenário.
“O processo eleitoral da Venezuela não cumpriu os padrões internacionais de integridade eleitoral em nenhuma das suas fases e violou numerosas disposições das suas próprias leis nacionais”, declarou a organização.
Restrições às liberdades nas eleições da Venezuela
Segundo a Carter, o processo eleitoral ocorreu em um ambiente de restrições às liberdades dos políticos, das organizações da sociedade civil e dos meios de comunicação social.
Além disso, a instituição denunciou que o recenseamento eleitoral sofreu prejuízos devido aos prazos curtos e a dificuldades de acesso a informações.
“Os cidadãos estrangeiros enfrentavam requisitos legais excessivos para se registrarem, alguns dos quais pareciam arbitrários, o que privou do voto a maior parte da população migrante”, analisou.
Manipulação de candidaturas e campanha desigual
A inscrição de partidos e candidatos também não atendeu aos padrões internacionais. Nos últimos anos, vários partidos de oposição tiveram suas lideranças alteradas para favorecer o governo, influenciando a nomeação de candidatos oposicionistas.
O registro de partidos e candidatos também descumpriu os padrões internacionais conforme a ONG. Ela afirmou que, ao longo dos últimos anos, vários partidos da oposição tiveram os seus registros alterados para líderes que favorecem o governo.
“Isso influenciou a nomeação de alguns candidatos da oposição, cujos registos se sujeitaram a decisões arbitrárias, que não respeitaram os princípios jurídicos básicos”.
Ainda segundo o relatório, a candidatura de Maduro contou com uma cobertura positiva e esmagadora na televisão e no rádio. Enquanto isso, o principal candidato da oposição teve pouca visibilidade.
Esforços dos cidadãos e falta de transparência
Apesar das dificuldades, os cidadãos venezuelanos compareceram pacificamente e em grande número no dia da eleição. No entanto, houve relatos de restrições a observadores e testemunhas da oposição, além de casos de violência.
“Nos centros de votação que visitaram, os observadores do Carter Center notaram o desejo dos venezuelanos de participar de um processo democrático”, relatou. “Mas seus esforços foram minados pela falta de transparência do CNE na divulgação dos resultados”.
Depois dos resultados das votações, que levaram à reeleição de Nicolás Maduro, protestos eclodiram em Caracas e em outras regiões da Venezuela, como mostram centenas de vídeos nas redes sociais.
🇻🇪🇺🇸 | ÚLTIMA HORA
Una gran protesta en apoyo a Venezuela continúa en Union Square, Nueva York.
Los manifestantes están cantando el himno nacional. Uno de ellos sostiene una imagen de un manifestante derribando una estatua de Hugo Chávez. pic.twitter.com/clJsioiEgP
— UHN Plus (@UHN_Plus) July 30, 2024
Fonte: revistaoeste