Em 2019, a campanha solo de Call of Duty: Modern Warfare estabeleceu um novo patamar para a franquia de tiro em primeira pessoa da Activision. Por isso, quando a produtora Infinity Ward anunciou sua continuação, eu não poderia estar mais animado – mas será que o resultado valeu o hype?
Após jogar as cerca de oito horas da campanha solo de Modern Warfare II, a conclusão que cheguei é que o novo game não consegue entregar uma história tão impactante, mas acerta na variedade de locações e situações de combate, se apoiando mais nas mecânicas sólidas de tiroteio e em experimentar novas opções de jogo do que em entregar uma trama complexa.
A narrativa não é ruim, só é manjada, envolvendo a busca dos soldados de elite da série por contrabandistas de armas iranianos, um cartel de narcos mexicanos e tramoias militares russas e norte-americanas. Ainda que de forma previsível, as coisas melhoram lá pela metade da história, mas vou evitar spoilers.
O jogo começa no Oriente Médio e atravessa o globo: há missões furtivas nas ruas de Amsterdã, batalhas noturnas nas areias do deserto e até uma perseguição na fronteira do México com os EUA, com direito ao muro de Donald Trump e tudo. Muitas vezes, a coisa lembra mais uma galeria de tiro – como quando o jogador precisa defender um helicóptero caído, mandando bala em qualquer inimigo que entre no perímetro – ou missões famosas dos jogos passados.
A invasão na casa do vendedor de armas lembra muito a raide na casa ocupada pela célula terrorista no jogo de 2019, e em outro momento, é preciso operar um avião bombardeiro dando cobertura para os soldados nas ruas de uma cidadezinha infestada de oponentes. Não sobra muito da vila para contar história, mas é impossível negar a semelhança com uma missão parecida no Modern Warfare 2 de 2009 – é sempre bom lembrar, apesar do título quase idêntico, o game de 2022 não é um remake do sucesso da década passada.
Outras missões, porém, mostram que é possível inovar bastante na campanha solo de Call of Duty: Exército de Um Homem Só é um ótimo exemplo, que coloca o jogador sozinho e desarmado, fugindo por ruelas labirínticas enquanto é caçado por guardas inimigos. É preciso coletar materiais e fabricar armas improvisadas, como minas, bombas de fumaça ou ferramentas para arrombar fechaduras – provavelmente uma amostra do que vamos encontrar no modo DMZ em novembro. O legal dessa missão é que, além de fugir do tiroteio óbvio da série, permite que o jogador use a criatividade para se virar. Há uma conquista para completar a missão sem disparar nenhum tiro – tarefa das mais complicadas!
Outro ótimo exemplo é a missão Reconhecimento Mortal, que no começo parece uma releitura da clássica missão de sniper do Modern Warfare original, mas se prova bem diferente: nela, o personagem tem uma mochila com várias ferramentas para usar como preferir na hora de eliminar os inimigos no interior de vários prédios – ao invés das típicas duas opções de sempre. Granada de gás lacrimogênio, sensor de pulsação, carga de C4 e outros itens estão todos na mochila ao mesmo tempo, dando mais liberdade para o jogador bolar suas próprias táticas: Você pode arrombar portas com explosivos e entrar mandando bala, ou forçar os inimigos a saírem jogando gás pelo duto de ventilação, por exemplo. A mochila é um sistema muito legal e que poderia ter sido usado durante toda a campanha.
Também há trechos com veículos – com direito a uma perseguição que tem seu momento “Michael Bay”, com o personagem do jogador pendurado de cabeça para baixo em um helicóptero enquanto troca tiros em alta velocidade em uma rodovia movimentada. Há uma missão ao estilo “Hitman” em que o personagem se disfarça como um dos soldados do cartel de drogas Las Almas. Em geral, a variedade de missões e essas novas mecânicas agradam, mas algumas poderiam estar presentes em mais de uma ocasião.
Call of Duty: Modern Warfare II chega em 28 de outubro para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S.