Ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) se manifestou, nesta sexta-feira, 12, para negar irregularidades indicadas em um relatório da Polícia Federal (PF), durante a gestão dele no órgão de inteligência. Os delitos teriam sido cometidos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na quinta-feira 11, a polícia cumpriu , do . Trata-se da nova fase da Operação Última Milha, que investiga a criação de uma “Abin paralela” para espionar autoridades e desafetos políticos, além de tentar interferir em investigações contra aliados. Apesar de não ter sido alvo da operação de ontem, Ramagem comandava a Abin à época dos acontecimentos.
Em nota, o deputado e pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro negou o uso do software israelense FirstMile — contratado pela Abin — para monitoramentos ilegais. Ramagem disse ainda que os agentes da PF “desprezam os fins de uma investigação, apenas para levar à imprensa ilações e rasas conjecturas”.
O parlamentar negou que autoridades tenham sido espionadas. Ramagem declarou ainda que não houve o uso do sistema para interferir em processos judiciais ligados ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente.
“A PGR não foi favorável às prisões da operação, mas a Justiça desconsiderou a manifestação”, escreveu nas redes sociais. “Houve finalmente indicação de que serei ouvido na PF, a fim de buscar instrução devida e desconstrução de toda e qualquer narrativa.”
(Confira a nota na íntegra ao final da reportagem)
A PF deflagrou hoje a quarta fase da Operação Última Milha, com o objetivo de desmantelar uma suposta organização criminosa que teria monitorado ilegalmente autoridades públicas e produzido notícias falsas com uso de sistemas da Abin.
Ao todo, os policiais cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão, expedidos pelo STF, nas cidades de Brasília (DF), Curitiba (PR), Salvador (BA), São Paulo e Juiz de Fora (MG).
Entre os alvos, estão ex-servidores cedidos à Abin e influenciadores digitais ligados ao chamado “gabinete do ódio”, supostamente existente durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Foram presas quatro pessoas: Giancarlo Gomes Rodrigues; Matheus Sposito, que foi assessor da Secretaria de Comunicação Social no governo passado; Marcelo de Araújo Bormevet, policial federal; e Richards Dyer Pozzer.
Segundo a PF, além do suposto monitoramento de autoridades e figuras públicas, a organização também teria acessado ilegalmente computadores, telefones e infraestruturas de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.
“Após as informações da última operação da PF, fica claro que desprezam os fins de uma investigação, apenas para levar à imprensa ilações e rasas conjecturas. O tal do sistema first mile, que outras 30 instituições também adquiriam, parece ter ficado de lado. A aquisição foi regular, com parecer da AGU, e nossa gestão foi a única a fazer os controles devidos, exonerando servidores e encaminhando possível desvio de uso para corregedoria.
A PF quer, mas não há como vincular o uso da ferramenta pela direção-geral da Abin. Trazem lista de autoridades judiciais e legislativas para criar alvoroço. Dizem monitoradas, mas na verdade não. Não se encontram em first mile ou interceptação alguma. Estão em conversas de whatsapp, informações alheias, impressões pessoais de outros investigados, mas nunca em relatório oficial contrário à legalidade. Não há interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro.
A demanda se resolveu exclusivamente em instância judicial. A PGR não foi favorável às prisões da operação, mas a Justiça desconsiderou a manifestação. Há menção de áudio que só reforça defesa do devido processo, apuração administrativa, providência prevista em lei para qualquer caso de desvio de conduta funcional. Houve finalmente indicação de que serei ouvido na PF, a fim de buscar instrução devida e desconstrução de toda e qualquer narrativa. No Brasil, nunca será fácil uma pré-campanha da nossa oposição. Continuamos no objetivo de legitimamente mudar para melhor a cidade do Rio de Janeiro.”
Fonte: revistaoeste