A edição 2024 do Febraban Tech, maior evento de tecnologia para o setor financeiro, começou nesta terça-feira (25) em São Paulo e acontece até quinta-feira (27). O tema central é a jornada responsável na nova economia da inteligência artificial.
Segundo Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), é “imperativo usar a IA com ética, garantindo o bem estar de todos”. Para ele, “a responsabilidade de assegurar que a tecnologia seja aplicada com rigor ético e científico recai sobre os nossos ombros”.
A fala de Sidney precedeu o painel mais aguardado do dia, que reuniu presidentes dos quatro dos maiores bancos do país: Carlos Vieira, da Caixa Econômica Federal; Marcelo Noronha, do Bradesco; Mario Leão, do Santander; e Milton Maluhy Filho, do Itaú Unibanco. Eles subiram ao palco para destacar o avanço da IA, as práticas ESG como benefícios para a sociedade e os negócios e os rumos do setor.
IA? Só se fizer sentido para o cliente
Além de comentar o potencial transformador da IA, os executivos defenderam o uso da tecnologia com responsabilidade, por meio do controle de riscos e de governança adequada, e destacaram a importância de encarar a IA como um meio, não uma finalidade.
Na prática, significa dizer que a tecnologia precisa fazer sentido para o cliente e gerar vantagens tangíveis, como a redução de custos e o alto índice de resolução de problemas. “Hoje, o cliente não compara o banco A com o B, compara com a experiência da Netflix e Spotify. O mundo e o mercado mudaram e precisamos avançar rapidamente”, analisou o comandante do Itaú.
A melhor experiência do cliente, com atendimentos personalizados a partir de textos precisos, é um dos principais casos de uso baseados em IA. Mas há cuidados a serem tomados. A alucinação dos sistemas de inteligência artificial, caracterizada por respostas incoerentes dadas por chatbots, precisa ser acompanhada de perto segundo as lideranças.
A modelagem de riscos de crédito, em busca de soluções customizadas para diferentes tipos de clientes, e a programação facilitada de códigos são outras áreas de destaque para a IA nos bancos. Ao usar a plataforma Github, disponibilizada pela Microsoft, o Santander reportou ganho de produtividade acima de 50% em relação à tecnologia anterior.
Apoio à transição energética
Questionados sobre o tema, os executivos reforçaram seus compromissos de neutralizar emissões de gases de efeito estufa. Para os CEOs de Bradesco e Itaú, o Brasil tem condições de liderar o processo de transição energética por sua ampla capacidade de energias renováveis.
Os dois executivos também comunicaram a destinação de cifras bilionárias para o financiamento de projetos ambientais. No caso do Itaú, R$ 400 bilhões foram revertidos para linhas de crédito e o mercado de capitais. No Bradesco, foram R$ 250 bilhões. Na Caixa Econômica Federal, segundo Carlos Vieira, 64% da carteira de crédito já é composta por operações sustentáveis.
De acordo com os painelistas, o momento é de apoiar o processo de descarbonização das empresas de outros setores menos avançados nesta agenda. Segundo Leão, CEO do Santander, com a intensificação dos desastres climáticos, a exemplo da tragédia no Rio Grande Sul, é preciso elevar o nível da avaliação de riscos nas análises de concessão de crédito.
Tecnologia é o negócio
Para Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, o desenvolvimento de tecnologia não deve ser responsabilidade de apenas uma área na organização. Ele conta que o banco tem 250 projetos de inteligência artificial, todos liderados pelas áreas de negócios. “Se o gestor não entender de tecnologia e dados, não vai evoluir na velocidade necessária”, afirmou.
O executivo disse que a necessidade do cliente é mais importante do que a plataforma utilizada para prestar os serviços. “A área de produtos caiu por terra e entrou a visão do cliente, que precisa ter suas necessidades atendidas independentemente do produto. Se não fizermos isso, não maximizamos o valor para o cliente e não aumentamos o tempo de vida útil dele na instituição”, disse Maluhy Filho.
Como parte da visão de tecnologia para o negócio, os bancos defenderam a migração dos dados para a nuvem, a fim de ganhar velocidade e capacidade de armazenamento para escalar recursos, reduzir custos e estimular a inovação.
Tecnologia depende de gente
À medida que avança dentro das instituições bancárias, a inteligência artificial passa a demandar esforços de capacitação por parte das lideranças. “Todos os colaboradores no Bradesco precisam usar o Copilot [chatbot assistente da Microsoft]. O desafio é ter treinamento adequado e gente qualificada”, pontuou Noronha, CEO da instituição. Ele conta que a versão da BIA equipada com IA generativa, assistente virtual do banco, já está em fase de testes com 1.600 colaboradores, e a expectativa é aumentar para 60 mil em breve.
E vem aí o GazzSummit Agrotechs
O GazzSummit Agrotechs é uma iniciativa pioneira do GazzConecta para debater o cenário de inovação em um dos setores mais relevantes do país. O evento será realizado no dia 15 de agosto de 2024 com o propósito de conectar e promover conhecimento para geração de novos negócios, discussão de problemas e desafios, além de propor soluções para o setor.
O GazzSummit promove a disseminação de tecnologias e práticas de inovação que possam levar a cadeia produtiva ainda mais longe. Uma programação intensa de 12 horas de conteúdo, e mais de 25 palestrantes, espera os participantes que poderão interagir com players importantes do ecossistema como grandes empresas, cooperativas, produtores, entidades públicas, startups e inovadores. Garanta já a sua vaga.
Fonte: gazzconecta