A China alcançou um marco ao trazer amostras do lado oculto da Lua. A missão Chang’e 6, concluída na terça-feira 25, trouxe rochas lunares inéditas.
O pouso ocorreu às 3h07 (horário de Brasília) na Mongólia e foi transmitido ao vivo pela internet, em mandarim e inglês. A Agência Espacial Chinesa (CNSA) não divulgou oficialmente os marcos da missão, o que dificultou o acompanhamento pelo público.
Apesar disso, astrônomos amadores monitoraram a missão. Mesmo sem decodificar sinais de rádio, conseguiram identificar a posição e fotografar a nave.
Pesquisadores brasileiros, como Cristóvão Jacques, do observatório Sonear, localizado em Caeté (MG), participaram do monitoramento e registraram a sonda na sexta-feira 21 e no sábado 22.
“Tive dificuldade de encontrar a ‘bicha’ de novo, mas uma busca em volta da região prevista resolveu o problema”, disse Jacques, ao jornal Folha de S.Paulo.
As amostras do lado oculto da Lua vão ser levadas para um laboratório especial
A entrada da nave na atmosfera teve a proteção de um escudo térmico, e a descida ocorreu com auxílio de um paraquedas. Os pesquisadores vão levar as amostras para um laboratório especial, onde serão catalogadas e analisadas em ambiente de nitrogênio puro, para evitar contaminação.
Um estudo publicado na segunda-feira 24 por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências sugere que as amostras têm composições variadas, com predominância de rochas vulcânicas.
A análise das pedras pode esclarecer por que o lado da Lua voltado para a Terra, com grandes bacias vulcânicas, difere tanto do lado oculto, mais antigo e com crateras.
A Missão Chang’e 6, da China, durou menos de 2 meses
A missão Chang’e 6, lançada de Wenchang, na China, em 3 de maio, com um foguete Longa Marcha 5, durou menos de dois meses. Alcançou a órbita lunar em 8 de maio e pousou em 1º de junho. Depois do pouso, iniciou imediatamente a coleta de amostras.
Depois de 49 horas de coleta, o módulo de ascensão retornou à órbita lunar em 6 de junho. Naquele dia, ela encontrou-se com a nave-mãe e a cápsula de retorno.
As amostras foram transferidas para a nave-mãe, e o módulo de ascensão foi descartado, o que o levou a colidir-se com a superfície lunar, um procedimento semelhante ao da missão Chang’e 5, realizada em 2020.
A análise das amostras será divulgada amplamente, com discussão interna sobre publicação, em mandarim ou inglês, segundo o jornal .
As próximas missões, Chang’e 7 e 8, estão planejadas para 2026 e 2028, respectivamente, com projeto liderado por China e Rússia.
Não há perspectiva de cooperação europeia nas próximas missões lunares chinesas, por causa do alinhamento desses países com os EUA no programa Artemis.
Fonte: revistaoeste