PolĂ­tica

Lula rejeitou a independĂȘncia do Banco Central: entenda o impacto

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A Ășnica coisa que deu certo na economia brasileira desde que Lula assumiu a PresidĂȘncia foi o trabalho de controle da inflação feito pelo Banco Central. O Ășnico cargo no setor econĂŽmico do governo que nĂŁo foi preenchido com uma nomeação de Lula foi o de presidente do Banco Central. Seja por seu rancor automĂĄtico a tudo o que dĂĄ certo e nĂŁo tem nada a ver com ele, seja por seus 40 anos de dependĂȘncia quĂ­mica no vĂ­cio de ter sempre um culpado para acusar de seus fracassos, Lula declarou guerra ao presidente do banco, Roberto Campos Neto, desde os seus primeiros dias no governo. Campos Neto usa a taxa de juros, como fazem dezenas de bancos centrais em todo o mundo, para evitar que a inflação dispare — seja por questĂ”es de ambiente econĂŽmico, seja para compensar a irresponsabilidade e a incompetĂȘncia do governo em sua atuação na economia, como Ă© o caso do Brasil de hoje. Por conta disso, Lula comanda hĂĄ um ano e meio uma operação de linchamento contra Campos Neto.

O presidente do BC Ă© acusado por Lula de ser o responsĂĄvel direto por praticamente todos os fracassos da gestĂŁo econĂŽmica do seu governo — uma desordem que conduziu o Brasil a uma situação pior, hoje, do que estava 18 meses atrĂĄs. Campos Neto, ou “esse cidadĂŁo”, como diz Lula, Ă© o culpado, segundo ele e os esquadrĂ”es de extermĂ­nio do PT, pelo fato de a economia crescer pouco e mal. É acusado de provocar a “fome”, causar “misĂ©ria” e “odiar” os pobres. É por sua culpa, segundo os linchadores, que faltam recursos para os serviços de saĂșde, as escolas e o socorro Ă s enchentes do Rio Grande do Sul. As taxas de juros altas fazem parte de um plano, nĂŁo definido nem explicado com coerĂȘncia atĂ© agora, para o BC prejudicar os interesses nacionais. No Ășltimo comĂ­cio que Lula fez sobre ele, foi acusado de ter um “lado polĂ­tico”, de nĂŁo agir com “autonomia” e de ser exatamente o oposto daquilo que realmente Ă©. Segundo o presidente, “a Ășnica coisa desajustada” no Brasil de hoje Ă© o BC — ou seja, bastaria tirar Campos Neto de lĂĄ para a economia brasileira voar.

É 100% falso, como em tantas outras vezes em que Lula assume o papel de estadista que fala a sĂ©rio. Quem nunca admitiu a autonomia do BC Ă© o prĂłprio Lula, que acha um absurdo ter na PresidĂȘncia da instituição alguĂ©m que nĂŁo obedeça Ă s suas ordens. Tudo que estĂĄ dando errado na economia se deve exclusivamente Ă  baderna que ele e o seu governo criaram, e a inĂ©pcia das suas decisĂ”es, nĂŁo a Campos Neto. Se “os empresĂĄrios” nĂŁo investem, como o presidente se queixa, nĂŁo Ă© por causa do BC — o BC, na verdade, Ă© sua Ășnica esperança de racionalidade. As empresas nĂŁo tĂȘm medo de Roberto Campos Neto; tem medo Ă© dele, Lula. Suas agressĂ”es verbais contra o BC, alĂ©m de mal-educadas, mesquinhas e desordeiras, Ă© que criam problemas e instabilidade — nĂŁo a polĂ­tica de juros. Os juros estĂŁo altos, no mundo das realidades, nĂŁo porque o BC quer sabotar o governo da “esquerda”, mas porque o governo da “esquerda” faz uma administração ruinosa da economia e mantĂ©m o Brasil sob ameaça permanente de inflação, de caos nas contas pĂșblicas e de colapso no valor da moeda. Se tivesse um mĂ­nimo de competĂȘncia, os juros estariam mais baixos.

A falsificação do debate fica Ăłbvia quando se considera que durante todo o primeiro mandato de Lula a taxa de juros ficou nos dois dĂ­gitos. Em nenhum momento do seu governo esteve abaixo dos 13,7% de hoje — tendo chegado a passar de 25% e criado um juro real, descontada a inflação, de 10% ao ano. O que Roberto Campos Neto estĂĄ fazendo que ele mesmo nĂŁo fez, e muito pior? HĂĄ, tambĂ©m a agressĂŁo polĂ­tica grosseira, rancorosa ou simplesmente estĂșpida. O presidente do BC Ă© acusado, nessa gritaria, de ter ido votar nas eleiçÔes de 2022 vestindo uma camiseta com as cores do Brasil — ou de ter jantado com uma autoridade pĂșblica em pleno exercĂ­cio de seu mandato, o governador TarcĂ­sio de Freitas. A presidente do PT entrou com uma ação contra ele na Justiça — nĂŁo serĂĄ acusada de litigĂąncia de mĂĄ-fĂ©, como aconteceu com quem recorreu da contagem de votos na eleição de 2022, mas deixa claro a postura de vale-tudo adotada contra Campos Neto. O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂ­stica, por sua vez, juntou-se ao pelotĂŁo de fuzilamento, dizendo que a “polĂ­tica neoliberal” destrĂłi a democracia e “joga ĂĄgua no moinho nazifascista”. O sujeito oculto da frase Ă© Roberto Campos Neto. O que isso teria a ver com geografia, ou com estatĂ­stica? Nada, como a ação judicial do PT nĂŁo tem nada a ver com justiça. É apenas o modo de operar de um governo que nĂŁo abre mĂŁo de fazer a coisa errada.

Fonte: revistaoeste

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