Após um 2022 com o mercado de carros, as montadoras já podem se preparar para um 2023 com o número de vendas sem muita expressividade mais uma vez. As linhas de crédito apertadas, taxas de juros próximas de 30% ao ano e um valor médio do carro em 126 mil reais, excessivamente caro para a maioria da população são as causas desse mercado morno.
Os números não mentem. De janeiro a setembro deste ano, entre carros, caminhões e ônibus, foram vendidos 1 milhão e meio de unidades — cerca de 5% a menos que o mesmo período em 2021.
Executivos explicam queda nas vendas
Mesmo com o prognóstico ruim, a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) segue confiante que a projeção de 2,1 milhões de veículos vendidos seja concretizada.
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, aponta problemas nas fábricas que enfrentam problemas no fornecimento dos microchips, causando uma oferta insuficiente à demanda. Contudo, a justificativa parece estar em outro campo, já que em 2021 as fabricantes sofreram mais com esta problemática do que neste ano.
A resposta parece estar nos juros. O Brasil possui uma das maiores taxas de juros reais do mundo. Com 53% das famílias endividadas e inadimplentes e com o crédito caro e restrito para os poucos potencialmente endividados levou a uma distorção nunca antes vista no mercado nacional de veículos.
No último mês de agosto, mesmo com os preços dos carros disparados, 65% das vendas foram à vista. Historicamente, essa relação sempre foi inversa, com 60% a 70% dos veículos adquiridos a prazo por meio de financiamentos.
Lima Leite, em entrevista, admitiu que não seria sustentável viver assim por muito tempo. O mercado não pode crescer sem crédito para diluir o nível estratosférico dos preços das prestações dos carros. Vai ser muito difícil sair desse círculo vicioso.
Previsão de vendas para 2023 não anima o setor
Com a situação dos créditos e dos juros em crise, a expectativa mora na resolução dos problemas de microchips. A escassez de semicondutores continuará mantendo a demanda superior à oferta de veículos, mas prevê que o crescimento mínimo previsto para o próximo ano seja de 4%.
O diretor baseia suas expectativas no fato de que no primeiro trimestre de 2022, apenas 406 mil veículos foram vendidos no país, número bem abaixo da média dos últimos anos. Será, portanto, fácil apostar neste resultado deprimido e assim garantir um ano apenas um pouco melhor do que este.
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