O ex-secretário de Políticas Agrícolas do Neri Geller afirmou que a discussão sobre um possível leilão do arroz no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “iniciou, salvo engano, entre fim de janeiro e início de fevereiro.” A declaração foi dada à imprensa nesta quarta-feira, 18, depois de sua .
“A discussão no governo era justa, porque o preço do arroz estava muito alto”, argumentou Neri Geller. “Mas nós dávamos a segurança pelas informações que nós tínhamos da Conab e de outros levantamentos de safra, é que estávamos nos aproximando de uma grande safra no Rio Grande do Sul e no Centro-Oeste.”
Neri Geller destacou que ficou “comprovado” que não havia a necessidade do leilão do arroz à época em decorrência do início da colheita no Rio Grande do Sul. “Então a discussão saiu de pauta na Casa Civil e no Palácio do Planalto”, explicou.
“Chegou a enchente, 78% da produção do arroz é no Rio Grande do Sul e com isso voltou a subir o preço. Fomos chamados em uma reunião interministerial na Casa Civil e, portanto, a decisão partiu no âmbito da Casa Civil”, relatou o ex-secretário sobre a abertura do leilão do arroz.
Geller disse que, mais uma vez, argumentou que “dos 78% da produção nacional de arroz no Rio Grande do Sul, 83% já havia sido colhida.” Entretanto, disse que o governo federal não sabia se os armazéns teriam sido afetados pelas inundações no Estado.
“Era importante, sim, que o governo fizesse alguma coisa em relação ao abastecimento naquele momento”, afirmou. “Mas acho que essa questão do leilão foi um equívoco político, sim.”
Em conversa com o ex-secretário de Políticas Agrícolas, a questionou se Neri Geller sentia-se “”. Ao passo que o ex-deputado federal negou — durante comissão, ele afirmou que foi informado da exoneração do cargo enquanto trabalhava no Ministério da Agricultura.
“Não, eu fui muito claro aqui na comissão, fiquei chateado com o ministro Carlos Fávaro, com quem tenho uma trajetória política de 30 anos, pela forma que se fez”, declarou Geller. “Saio de cabeça erguida. Mas não poderia ser como pedido de demissão, porque isso não é correto.”
A demissão partiu do ministro Carlos Fávaro, em 11 de junho, depois da polêmica por causa do leilão do arroz. A pasta, no entanto, chegou a divulgar que Neri Geller pediu desligamento para concorrer às eleições. Na comissão, ele relatou o ocorrido.
“Eu conversei com o ministro pela manhã e, pela tarde, pedi um novo encontro, mas não fui recebido pelo Fávaro mais”, explicou. “Fiquei umas quatro a cinco horas esperando. Não sei se naquele dia ele estava muito ocupado. Mas, de fato, ele não me recebeu.”
Novamente disse que recebeu a notícia de que seria desligado de seu cargo por e-mail interno. “Estava despachando na sala quando recebi o e-mail informando da minha exoneração ‘a pedido’. Respondi, dando ciência, mas pedi a retificação de que eu não teria pedido demissão”, disse.
“Eu não pedi demissão. Retifico aqui. Como disse outras vezes, não foi um pedido meu. Escolheram me demitir”, acrescentou o ex-deputado federal.
Fonte: revistaoeste