O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aprovou, nesta segunda-feira, 17, um que classifica o Projeto de Lei (PL) 1.904/2024 inconstitucional. A proposta equipara o aborto realizado acima de 22 semanas de gestação ao homicĂdio simples. A ação ocorre dias depois de a CĂąmara dos Deputados aprovar a urgĂȘncia da proposta.
No parecer, a OAB argumenta que obrigar uma mulher vĂtima de estupro a manter uma gravidez atĂ© o parto estĂĄ alinhado Ă âprĂĄtica da tortura e ao tratamento desumano ou degradanteâ.
âTodo o avanço histĂłrico consagrado atravĂ©s de anos e anos de pleitos, postulaçÔes e manifestaçÔes populares e femininas para a implementação da perspectiva de gĂȘnero na aplicação dos princĂpios constitucionais Ă© suplantado por uma linguagem punitiva, depreciativa, despida de qualquer empatia e humanidade, cruel e, indubitavelmente, inconstitucionalâ, afirmou o documento.
O parecer foi feito por uma comissĂŁo formada por mulheres. Das sete indicadas pelo presidente da OAB, Beto Simonetti, seis assinaram o documento aprovado. As juristas alegaram que a âimposição de pena de homicĂdio Ă s vĂtimas de estupro Ă© capaz de ostentar caracterĂsticas de penas cruĂ©is e infamantes, o que seria um retrocesso e uma violação ao princĂpio da humanidade das penasâ.
Conforme Simonetti, o documento serĂĄ entregue Ă CĂąmara dos Deputados, que pode analisar o mĂ©rito do PL do Aborto a qualquer momento. O parecer afirma que o PL do Aborto Ă© âgrosseiroâ e âdesconexo da realidade.
âDenota o mais completo distanciamento de seus propositores Ă s fissuras sociais do Brasilâ, alegam as juristas. âO aspecto da desigualdade social, educacional e racial nĂŁo pode ser invisibilizado pelo PL.â De acordo com o documento, a proposta âfavorece o estupro como forma de dominação de homens sobre as mulheres, notadamente em relação Ă s mulheres mais pobresâ.
Depois de classificar a proposição como âinconvencionalâ e âilegalâ, o parecer sugere que, caso o PL do Aborto seja aprovado, que seja âsubmetido ao escrutĂnio do Supremo Tribunal Federal por meio de ação de controle de constitucionalidade, a fim de reparar possĂveis danos aos direitos de meninas e mulheresâ.
Autor do projeto, o deputado federal SĂłstenes Cavalcante (PL-RJ), criticou o parecer da OAB. âO PL 1904/2024 protege a vida de quem jĂĄ chuta e se mexe hĂĄ cinco meses, enquanto a OAB, sempre fiel Ă sua tradição esquerdista, prefere chutar o balde da imparcialidadeâ, escreveu nas redes socias hĂĄ pouco.
. Apoiado pela oposição, o projeto foi alvo de crĂticas, pois aumenta para 20 anos a pena mĂĄxima para quem realizar o procedimento depois das 22 semanas de gestação â incluindo os casos de estupro.
Com o PL do Aborto em vigor, caso uma mulher adulta que foi vĂtima de estupro faça um aborto depois da 22ÂȘ semana, ela pode ser condenada a 20 anos de detenção, enquanto o abusador pode ficar com pena entre seis e dez anos de prisĂŁo.
Por esse motivo, a proposta estava sendo chamada de âPL do Estuproâ. Depois da repercussĂŁo negativa, o autor da matĂ©ria, deputado federal SĂłstenes Cavalcante (PL-RJ),
Fonte: revistaoeste