Costumo dizer que se nossos dias fossem fáceis, não seria necessário haver finais de semana, feriados ou férias. Tudo isso existe porque os dias são cansativos, as jornadas de trabalho e de estudo nem sempre são fáceis. Além do cansaço, também nos deparamos com os obstáculos da vida e estes são muitos. Precisamos vencer muitos deles, uns dizem respeito a nós mesmos, como lidamos com nossas próprias dificuldades, nossas próprias limitações; outros vêm de fora, daquelas pessoas que nos limitam, que dificultam nossas caminhadas.
Carlos Drummond de Andrade definiu isso, poeticamente, em seu poema “No Meio do Caminho”, quando diz: “no meio do caminho tinha uma pedra”, na verdade uma pedra, que não é só uma, são várias ao longo da vida, pedras que não existiam apenas para Drummond, existem para mim, para você e para todos. Precisamos saber quando devemos transpô-las, desviar delas, construir algo com elas, ou simplesmente esperar e admitir a impossibilidade de superá-las.
Antigamente, falava-se apenas em resistir. Hoje sabe-se que a resistência, isoladamente, nos traz pouco benefício. Precisamos aprender com os obstáculos, não apenas resistir a eles, mas traçar a partir dali algo maior. Precisamos ver o mundo com suas vitórias e derrotas. Ganhar ou perder, ter sucessos ou fracassos, não importa. O que importa é saber lidar com tudo isso, é saber olhar ao redor e entender a dinâmica da vida e isso não é pura resistência, isso é Resiliência, ou seja, não apenas resistir, mas também superar.
As dificuldades vêm carregadas de estresse, mas resistimos a elas, e não apenas isso, buscamos soluções, uma nova solução a cada problema, permitindo-nos ser ao mesmo tempo mais fortes e mais tolerantes frente às adversidades, com maior controle dos nossos impulsos e de nossas inseguranças.
O Resiliente enfrenta e supera melhor os conflitos existentes nos grupos sociais, muito comuns hoje em dia. O Resiliente é aquele que não apenas aprende a cair, como também a levantar-se. O Resiliente tolera mais as frustrações que surgem na vida, aprende a ouvir cada “Não” e com isso enriquece seu aprendizado emocional, torna-se mais seguro e mais capaz nos diversos momentos difíceis da vida. O Resiliente descobre que quase sempre, por mais que não pareça, existe uma saída.
Nem tudo dá certo como se espera e quando as coisas dão errado, em vez de desistir, o Resiliente se conscientiza de que é preciso encontrar novos caminhos para alcançar o mesmo objetivo almejado ou para seguir em busca de novas metas.
O Resiliente é aquele que se adapta com mais facilidade a novas situações e novos desafios, utiliza melhor sua inteligência emocional e, com isso, desenvolve sua saúde mental.
Já nascemos com um certo grau de Resiliência Implantado em nosso DNA, mas é a vida que nos molda e desenvolve ou não essa fatia que trazemos conosco. Por isso é importante que ela seja trabalhada pelos pais e depois incentivada pelos professores ainda na infância, com estímulo continuado na adolescência. Quando bem desenvolvida, a saúde mental agradece; caso contrário, passa a ser muito mais fácil nos tornarmos presas das doenças da mente, como estresse, transtornos do sono, ansiedade, depressão e dores crônicas.
Alguns de nós têm maior Resiliência que outros. Quando a falta dela traz prejuízos à nossa existência, a psicoterapia é o principal meio para que se aprenda a lidar com as frustrações da vida e dar um novo significado ao nosso caminho.
Fonte: primeirapagina