Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros descobriu que a síndrome do vírus zika (SCZ) tem associação com o autismo, denominada como uma neuroinflamação. Os resultados foram publicados no periódico Science Translational Medicine.
Segundo a professora do ICB-USP (Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo) e pesquisadora do Institut Pasteur de São Paulo, Patrícia Beltrão-Braga, isso não significa que a mãe que tem o vírus zika, na gestação, pode desenvolver o autismo.
Ela complementa que o estudo mostrou que os casos de síndrome congênita do zika aumentam o risco de autismo. O autismo tem inúmeras causas genéticas e ambientais.
Os pesquisadores do ICB-USP, em conjunto com o Institut Pasteur de São Paulo, realizaram o experimento com células do sistema nervoso e infectadas com o zika vírus e também camundongos que foram infectados da mesma maneira e manifestaram o comportamento chamado “autista-like”.
O ensaio foi feito com mini cérebros – modelos simplificados do órgão cultivados in vitro e produzidos por meio de engenharia tecidual – e em camundongos. Por meio do experimento, os descobriram que tinham várias alterações que prejudicavam o funcionamento dos neurônios, como menos sinapses, mais morte celular, neuroinflamação e problemas na captação de glutamato.
Essas alterações podem afetar o comportamento infantil, similar ao que foi visto em estudos com crianças autistas. A causa dos problemas está nos astrócitos, células que sustentam e nutrem os neurônios e eliminam substâncias tóxicas. Quando infectados, esses astrócitos não funcionam bem e produzem substâncias inflamatórias, piorando a situação.
Em 2018, a pesquisadora Patricia Beltrão-Braga notou que crianças nascidas com zika tinham uma incidência de autismo maior do que a média mundial, sugerindo que a infecção por zika pode contribuir para o autismo.
Estudos anteriores já mostraram que a neuroinflamação é comum em crianças autistas, e pesquisas estão em andamento para encontrar medicamentos que possam tratar essa inflamação, presente também no Alzheimer e no autismo.
Fonte: primeirapagina