Interdição da Igreja da Comunidade Tia Eva priva visitantes da história local: saiba mais!

A interdição da igreja da histórica Igreja de São Benedito, situada na comunidade Tia Eva em Campo Grande, vai privar, ainda que temporariamente, não só os que frequentam as missas, mas aqueles que têm interesse em conhecer um pouco mais da história da capital de Mato Grosso do Sul.

“É a igreja mais antiga de Campo Grande, a capelinha de São Benedito”, reforça Ronaldo Jefferson da Silva, presidente da associação dos descendentes de Tia Eva. “A comunidade fica triste com a situação. Mas pela segurança principalmente dos moradores é o melhor a se fazer no momento.”

Ronaldo lamenta que, com a interdição da igreja, os visitantes terão de ser recebidos do lado de fora.” A visitação é constante. Vem diversas pessoas: faculdades, universidades, escolas municipais, estaduais. Eles vêm conhecer um pouco da história da comunidade e agora a gente vai ter que atender ou do lado de fora, ou dentro do salão.”

A medida foi tomada após uma avaliação da Defesa Civil, que constatou o risco de desabamento da estrutura da igrejinha, às vésperas da tradicional Festa de São Benedito, que começa no próximo dia 10.

Histórico

Fundada em 1919 pela ex-escravizada Eva Maria de Jesus, a igreja da Comunidade Tia Eva foi tombada pelo município e, posteriormente, em 1998, recebeu o tombamento definitivo como parte do Patrimônio Histórico de Mato Grosso do Sul.

A comunidade onde está situada a igreja é reconhecida como remanescente de quilombos e abriga descendentes de Tia Eva desde 1905.

Adair Jerônima da Silva, de 84 anos, é bisneta de Tia Eva, e sonha em ver a igrejinha reformada o mais rápido possível. “Eu quero que reformem para a gente ter missa, ter terço, tudo como era antes, a alegria”, comenta a responsável pela celebração do terço. 

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura e com o Governo do Estado para ter informações sobre o projeto de reforma da igrejinha. Em nota, a Prefeitura informou que a reforma está sob responsabilidade do Governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. Um termo de cooperação foi assinado entre o Estado e o Município, estabelecendo que o Município ficaria responsável pelo Projeto Executivo, já entregue ao Governo, que será encarregado da execução da restauração.

O Governo do Estado não respondeu até o fechamento da reportagem.