Nos últimos anos, com a ascensão das redes sociais, os desfiles de moda se tornaram sinônimos de espetáculo.
Basta dar uma olhada em qualquer uma das vitrines de passarelas das principais marcas europeias, com cenários elaborados e caros, locais personalizados que podem acomodar centenas de convidados e milhares de fãs gritando do lado de fora pela inevitável chegada de celebridades.
Ralph Lauren não queria nada disso para sua apresentação de outono/feriados de 2024 na noite de segunda-feira (29) na cidade de Nova York.
Em vez disso, o designer quis hospedar algo um pouco mais privado, mas não menos impactante: ele convidou menos de 100 pessoas para seu estúdio de design, nove andares no alto da Madison Avenue. Lá, o público — que, sim, incluía celebridades como Kerry Washington, Jessica Chastain, Morgan Spector e a estrela de “Hacks” Hannah Einbinder; afinal, mesmo desfiles discretos precisam da potência das celebridades — pôde descansar em cadeiras de couro inspiradas em Mies van der Rohe enquanto as luzes acendiam e o desfile começava.
O desfile em estilo salão – construído para lembrar o primeiro desfile de moda feminina em 1972, muito semelhante, que o estilista também em seu estúdio na época – contou com música calma, mas estimulante.
“Eu queria algo mais íntimo”, disse Ralph Lauren, 84, a CNN, durante um jantar no Polo Bar, o movimentado restaurante de Manhattan que sua empresa lançou em 2015, depois do desfile. “E eu sempre faço o que acredito, o que parece certo.”
A supermodelo Christy Turlington desfilou primeiro. Ela usava um casaco de caxemira, calças rasgadas e botas em um tom cinza-claro. Deu o tom para um esquema de cores de tons neutros ricos, que dominou o resto do evento.
Na verdade, ao contrário do desfile primavera-verão 2024 de Lauren, a coleção não apresentava nenhuma cor brilhante — em vez disso, exuberantes marrons acinzentados e prateados e marrons desbotados.
Vários looks apresentavam elementos de faroeste, de chapéus de cowboy a bandanas e jaquetas de couro envelhecidas. O tema está na moda – em grande parte devido a Beyoncé e ao seu álbum mais recente, “Cowboy Carter” – mas Lauren há muito trabalha a estética de faroeste na sua marca e em sua sempre aspiracional construção de mundo.
Entre muitos outros pontos de contato com a cultura americana, incluindo outro grande assunto do momento: tênis.
De uma forma que poucos conseguem fazer — e de uma forma que Lauren dominou e reinventou ao longo dos anos — também houve tecidos deslumbrantes com a neutralidade da coleção. Vários vestidos eram totalmente enfeitados com lantejoulas ou brilhantes, adicionando uma camada de glamour luxuoso e de bom gosto.
O look final da modelo Anok Yai atingiu todos os pontos de discussão do desfile em um só: um vestido de seda cintilante em cinza dourado, com um chapéu de cowboy. Na afterparty, ela usou o mesmo look, complementando ainda mais com grossos colares de cruz de metal.
Nas palavras de Lauren, as cores discretas da coleção e seu conforto luxuoso, mesmo com seus toques de brilho, eram “sem fru-fru”. “Eu queria que fosse simples”, explicou ele.
No Polo Bar, onde os martinis corriam e o jantar chegava tarde, Glenn Close estava sentado à esquerda de Lauren. Ela usava uma jaqueta Ralph Lauren em tom champanhe; ele usava uma camisa de cowboy com detalhes pretos e turquesa. Sob o brilho dos ricos painéis de madeira do restaurante e da luz dourada do teto, a cena pareceu brevemente um flashback (olhei em volta e não vi ninguém em seus telefones, exceto eu, gravando minha conversa com o designer). E esse é o ponto.
Quando questionado sobre o que mais ressoa em Ralph Lauren atualmente, ele disse, com a sabedoria de mais de 50 anos no mundo dos negócios em seu nome: “Atemporalidade”.
Fonte: cnnbrasil