O primeiro-ministro da Espanha, , do Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe), anunciou nesta segunda-feira, 29, ter desistido de renunciar ao cargo. O esquerdista havia suspendido a agenda por cinco dias para decidir se continuaria na função por conta das investigações de corrupção sobre sua mulher, Bergoña Gómez.
Na semana passada, um juiz de Madrid abriu uma investigação preliminar contra a esposa de Sánchez.
“Decidi continuar com mais força”, disse o primeiro-ministro, em pronunciamento feito em frente à residência oficial. “Este é um ponto de inflexão. Eu garanto.”
Antes do pronunciamento, o socialista se encontrou com o rei Felipe VI para comunicá-lo sobre sua decisão.
“Nacisismo”, acusa oposição
Na quarta-feira 17, em meio ao escândalo, o premiê havia publicado uma carta aberta ao país em que dizia que se perguntava: “Vale a pena?”.
Os opositores conservadores afirmam que Gómez, que está no cargo desde 2018, estaria “degradando as instituições da Espanha na busca desenfreada pelo poder” e classificaram a carta como “um ato de narcisismo”.
“Independente do que ele diga, ele estará marcado para sempre pela decadência que trouxe ao nosso país”, disse o líder do partido de oposição, Partido Popular, Alberto Núñez Feijóo.
Segundo o professor de ciência política da Universidade Carlos III, em Madri, a credibilidade de Sánchez já é “amplamente contestada e, como líder, ele mostrou uma fraqueza”, disse.
Esquerda unida diante do escândalo de corrupção
Ao longo da semana, após o primeiro-ministro publicar a carta para explicar que tiraria um período de reflexão, vários presidentes latino-americanos expressaram apoio a Sánchez, entre eles o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Lula ligou para Sanchez na quinta-feira 18 para mostrar sua solidariedade, conforme o petista publicou em seu perfil no Twitter/X.
O ex-presidente da Argentina Alberto Fernández e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também usaram a plataforma do bilionário Elon Musk para apoiar o colega socialista espanhol.
Entenda a investigação
Begoña Gómez, de 49 anos, está sendo investigada por tráfico de influência e corrupção empresarial em sua atividade privada. Como esposa do primeiro-ministro, ela não ocupa um cargo público.
A denúncia foi apresentada pela organização Mãos Limpas, uma entidade de direita espanhola que combate a corrupção.
Formada em marketing, de acordo com seu perfil no LinkedIn, Gómez é diretora da Cátedra Extraordinária de Transformação Social Competitiva da mesma universidade.
Ela anteriormente dirigiu um centro de estudos sobre a África na Universidade IE, deixando o cargo em 2022.
Gómez é acusada de irregularidades relacionadas a essa posição, incluindo recomendações de empresários para concorrências públicas.
A denúncia alega que ela se aproveitou de sua relação com o primeiro-ministro para favorecer esses empresários.
A empresa Globalia, proprietária da Air Europa, teria concordado em pagar pelos voos de primeira classe de Gómez e seus assessores, no valor de € 15 mil por ano (cerca de R$ 83 mil).
Em sua carta, Sánchez descreveu qualquer suposta má conduta por parte de sua esposa, com quem está casado há 20 anos, como “inexistente”. Gómez ainda não se pronunciou sobre as acusações.
Fonte: revistaoeste