A cervejaria derrubou um pomar do tamanho de 140 campos de futebol para vender terra. A informação foi divulgada no sábado 27 pela emissora britânica BBC. A empresa é a maior fabricante de sidra do Reino Unido.
A Heineken, proprietária da cidra Bulmers, destruiu um enorme pomar no Condado de Monmouthshire. A ação gerou críticas por causa da vida selvagem que habitava no local, que é um habitat natural para pássaros.
De acordo com a BBC, a empresa pretende vender a terra. Ela culpou um excedente de maçãs e uma desaceleração na procura por sidra pelo desenraizamento de milhares de árvores do Pomar de Penrhos, que foram plantadas em 1997.
Alvo de críticas por ambientalistas, a Heineken informou que agiu de acordo com a Lei da Vida Selvagem. Os críticos estão preocupados com o efeito do desmatamento sobre as populações de aves migratórias na região.
Pessoas cujas casas têm vista para o pomar, que se estende por vários campos grandes, disseram que estão “tristes” e “desapontadas” com o desaparecimento das árvores. Um morador, porém, disse que a ação melhorou a vista das colinas circundantes.
O morador da região Chris Formaggia disse para a BBC que caminhava com seus filhos pelas trilhas do pomar há anos. Ele é ecologista e tem monitorado os diversos pássaros que estiveram nas árvores e está preocupado com o futuro.
“Neste momento, todas as árvores estariam em plena floração”, contou. “Seria uma área realmente impressionante, então as mudanças são absolutamente totais, na verdade.”
Formaggia explicou que o maior impacto aconteceu sobre as espécies de tordos invernantes, como o fieldfare e o redwing, que comem frutos de outono e depois passam para “culturas de maçãs sopradas pelo vento”.
“Portanto, este pomar estava repleto desses tordos de inverno”, disse. “Acho que inevitavelmente haverá uma grande perda aqui, especialmente com as populações invernantes. Essa coleta de alimentos e a segurança das árvores desapareceram e não serão substituídas.”
Heineken disse que a ação foi realizada de modo responsável e sustentável
A Heineken disse que era “incrivelmente importante agirmos de forma responsável e sustentável em todos os momentos” e a mudança foi motivada pela desaceleração do mercado de sidra e pela melhoria das práticas de cultivo.
A Associação Nacional de Fabricantes de Cidra informou que a empresa perdeu 809 hectares de pomares de maçãs nos últimos anos e que, por causa dos altos níveis de tanino, “não têm outra utilidade senão fazer sidra”.
Segundo a entidade, a quantidade de cidra consumida no Reino Unido caiu um terço nos últimos dez anos, o que teria motivado a perda “devastadora” de pomares.
De acordo com a BBC, a derrubada dos pomares gerou controvérsia recentemente, com o governo galês, que tem planos de obrigar os agricultores a terem árvores em pelo menos 10% das suas terras para se qualificarem a um importante regime de subsídios.
Embora o governo diga que isto ajudaria a combater as emissões de carbono, muitos agricultores sugeriram que o esquema era impraticável. Porém, a ação é voluntária. A Heineken tem o direito de cortar as árvores das suas terras e, como pretende vendê-las, caberia aos próximos proprietários decidir se querem plantar árvores caso as utilizem como terras agrícolas.
Fonte: revistaoeste