“O vinil é uma paixão!”. Assim define Doralice Raimunda, 66 anos, aposentada e dona de uma das maiores coleções de vinil do Brasil, que nos recebeu em sua casa para uma reportagem especial sobre o Dia Mundial do Disco, celebrado neste 20 de abril.
Além de 30 mil exemplares de diversas épocas e gêneros musicais em sua casa em Campo Grande (MS), a colecionadora tem ainda uma segunda coleção “seleta” com outros 18 mil dos seus discos favoritos em Maringá (PR), sua cidade natal, onde aprendeu a ser uma apaixonada por música com seu pai.
“E entre isso eu ganhei o meu primeiro disco, de Carmen Miranda, da música “Ta Aí”, um dos grandes sucessos dela. Depois disso a minha paixão só foi crescendo”, continua. O disco do qual ela fala é um dos exemplares mais antigos de sua coleção, de 1933.
Mas a coleção de vinis de Doralice vai muito mais além: há diversos clássicos da MPB, dos Beatles, prateleiras só do rei do rock Elvis Presley, discos raros que tiveram edições limitadas, além de uma coleção de mais de 600 exemplares só de artistas regionais de Mato Grosso do Sul.
A colecionadora alcançou um prestígio tão grande que ficou reconhecida em todo Brasil, por pessoas que assim como ela, são apaixonadas pelo vinil.
Sempre que pode, Doralice compartilha sua paixão com outros fãs do vinil, participando de feiras onde vende alguns dos seus clássicos. “É feira do vinil, feira de antiguidade, agora um projeto recente do Mercado de Pulgas. Eu tenho alguns clientes que estão começando agora, que têm 14, 15 anos, que já estão comprando vinil”.
Aumento das vendas de vinil
Não só os jovens estão comprando mais discos de vinil: a tendência vem sendo seguida no Brasil todo. Segundo um relatório da organização Pró-Música, o lucro com a venda de vinis no Brasil saltou em 136% no último ano, chegando ao faturamento bruto de R$ 11 milhōes em 2023.
Para o redator publicitário João Paulo Bernal, 32 anos, essa nostalgia do disco é algo facilmente justificável pelas qualidades físicas do vinil. “Você tem a capa, o encarte, o som é mais limpo. E fã também quer ter o material do artista né, pra colecionar”, diz.
Discotecagem com vinil não sai de moda
Junto do também do arquiteto André Samambaia, 38 anos, os dois formam o duo de DJs Pizza Noise, que trabalha há 8 anos com discotecagem em vinil em Campo Grande. André tem uma coleção de 934 discos catalogados, e explica que para ele, discotecar é também uma forma de tirar os vinis da caixa e compartilhá-los com o público.
“É uma forma de quebrar um pouco a questão do colecionismo de você ficar ali guardando ali aquele disco sem compartilhar aquilo. Às vezes dá um certo receio de levar discos mais raros, mais caros pra tocar, mas acho que vale a pena sim”, afirma o arquiteto e DJ.
A gente aproveitou a reportagem pra ouvir um pouco da discotecagem deles, que nos presentearam com o rock clássico de David Bowie e da banda Blondie. E nas ondas sonoras dos discos, entendemos bem aquilo que Doralice disse: o vinil é mais que um álbum, é uma paixão.
Fonte: primeirapagina