PPaciente CAL-1. Esse era o codinome do americano Albert Stevens, um pintor de paredes de 58 anos, em uma experiência realizada pelo hospital da Universidade da Califórnia, em São Francisco. Albert foi escolhido para o teste porque pouco tempo antes havia sido diagnosticado com um câncer terminal.
Na verdade, como se descobriu depois, era apenas uma úlcera gástrica. Mas, naquele momento, isso não importava. Os cientistas do Projeto Manhattan queriam estudar os efeitos do plutônio, um elemento radioativo recém-criado (ele foi sintetizado pela primeira vez bombardeando urânio com deutério, no começo de 1941), no corpo humano.
Então, no dia 14 de maio de 1945 (três meses antes do ataque a Nagasaki, em que os EUA detonariam uma bomba de plutônio), Albert tomou uma injeção contendo 0,2 micrograma de plutônio-238, e 0,75 micrograma de plutônio-239. Ele não sabia o que estava acontecendo: achava que estava recebendo tratamento médico.
O plutônio ficou dentro do corpo dele, circulando no sangue e se depositando nos órgãos, enquanto liberava radiação sem parar (essa substância leva milhares de anos para decair, ou seja, perder parte da radioatividade).
Com isso, o pobre Albert absorveu a maior dose de radiação já recebida por um ser humano: 64 sievert, o equivalente a fazer 640 mil exames de raio-X. Uma barbaridade. Só que aos poucos, ao longo de duas décadas. Porque, incrivelmente, Albert não morreu após a maldita injeção.
Isso só aconteceu em 1966, quando ele sucumbiu, aos 79 anos, a uma parada cardíaca. Seu corpo foi cremado, e os restos enviados para o Argonne National Laboratory, do governo americano – pois as cinzas eram radioativas.
Além de Albert, outras 17 pessoas, entre 4 e 69 anos, receberam plutônio durante as experiências. Oito delas morreram relativamente rápido, até dois anos após a injeção. Outras viveram mais tempo. O Projeto Manhattan foi oficialmente encerrado em 1946. Mas os testes com cobaias humanas não terminaram ali.
Fonte: abril